Foi em silêncio que, ontem, um grupo de mulheres denunciou as "injustiças" laborais praticadas pela cadeia de supermercados Jumbo, junto ao Parque Nascente, em Gondomar. A PSP também lá foi para "manter a lei e a ordem".
Só estavam 10 trabalhadoras na concentração. "Muitas não vieram com medo de despedimento", dizem as manifestantes, mães de filhos ainda pequenos. A acompanhar os protestos, o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal distribuía à Imprensa um comunicado no qual, entre outras coisas, afirmavam que o grupo Auchan (detentor da cadeia de supermercados Jumbo) "não respeita os direitos dos trabalhadores, ignora o certificado de responsabilidade social e aumenta a repressão sobre quem resiste".
Versão contrariada pela Auchan, a "única empresa do sector da distribuição em Portugal, certificada em responsabilidade social, o que obriga a auditorias semestrais, por entidades independentes e certificadas, a requisitos de cumprimento da norma, como são, nomeadamente, os cumprimentos das regras de horários de trabalho", respondeu o departamento de Relações Institucionais da empresa.
Jorge Pinto, da direcção do Sindicato, tem outra opinião: "A legislação em vigor protege as mães trabalhadoras, mas os responsáveis do Jumbo impedem o direito das mães a conciliar o trabalho com a protecção à infância", diz, lembrando o acórdão do Tribunal de Trabalho do Porto que deu razão às trabalhadoras. "A coberto da aprovação do Código de Trabalho e da crise económica, o grupo tem vindo a desenvolver um conjunto de ataques aos horários de trabalho, violando normas do contrato colectivo", lê-se no comunicado.
Marisa Ribeiro, funcionária do Jumbo há 16 anos, transporta mágoas: "Sou mãe de dois filhos e estou solidária com as colegas. A empresa deve cumprir o código de conduta ética previsto no acordo estabelecido", lembrou. Ao lado está Marlene Pinto, viúva, operadora de caixa, 12 anos de casa e 605 euros de ordenado/mês. "Só peço um horário de abertura (das 8.45 às 16.45 horas) para ir buscar a minha filha à escola. Será pedir muito?".
"Os horários estão totalmente de acordo com a lei em vigor", insistiu a Auchan, lembrando o facto do grupo ter criado "mais de mil postos de trabalho" e remunerar os colaboradores pela tabela "mais alta do sector".
No decorrer da concentração, a PSP foi ao local e inteirou-se do teor do folheto distribuído à Imprensa. Antes, dois segurança do Parque Nascente impediram a recolha de imagens por parte das câmaras de televisão
IN Jornal de Noticias