O comércio tradicional está a viver, com a época alargada de saldos, um «efeito psicológico» positivo que durará sobretudo nos primeiros dias, para depois esbater-se, disse esta terça-feira o presidente da Confederação do Comércio Português (CCP).
«Neste momento, se olharmos para o consumo não existem perspectivas optimistas, mas se o volume de negócios do comércio se mantiver idêntico ao dos outros anos, seria uma vitória porque as perspectivas são de crise e abrandamento do consumo», afirmou José António Silva à Lusa.
O responsável da CCP falava sobre o período de saldos de Inverno, que se iniciou a 28 de Dezembro e terminará a 28 de Fevereiro.
Durante esta fase, que se segue ao Natal, em que as vendas normalmente aumentam, nomeadamente devido à euforia da quadra festiva e da troca de presentes, tanto os comerciantes, por ainda depositam expectativas de recuperação de um ano de crise, como os clientes, por comparem a preços mais baixos, esperam um final feliz.
«Se há algum efeito positivo na antecipação dos saldos, não vejo que traga nada de novo», justifica José António Silva, apontando para o «carácter psicológico» de que estão imbuídos os consumidores, que para o final da época de saldos terá tendência a desvanecer-se.
Para o responsável, o actual período de saldos vai ser «idêntico ao dos anos anteriores», sem grandes aumentos de consumo.
Não é momento para ser optimista
«O que acontece é uma antecipação do consumo, que mais à frente vai faltar e a factura poderá ser mesmo paga no final de Janeiro e Fevereiro», acrescentou.
O dirigente da CCP disse ainda que «não é o momento para termos optimismos. Não entro por aí».
«O consumo (depois da fase inicial dos saldos) vai continuar a retrair-se e não permitirá uma recuperação na facturação do sector do comércio», sublinhou.
Além disso, afirmou, nada indica que as famílias vão canalizar para o consumo o aumento das poupanças que decorre da actual crise.
«As taxas de juro têm caído e os preços dos combustíveis também, o que dá alguma margem ao orçamento das famílias, mas não significa que estas queiram dirigi-la para compras e não para fazer face a situações diversas, nomeadamente doença e desemprego», justificou.