Há pratos típicos da época que marcam presença em quase todas as mesas, de norte a sul do país, como o tradicional folar, que é normalmente um pão de ovos, podendo ser doce ou salgado, as amêndoas, de chocolate, caramelizadas ou envoltas em açúcar e, no campo dos pratos, o cabrito. Mas há mais!
Norte
Cabrito, borrachos, pão-de-ló e folar doce e broinhas enchem as mesas do Norte nesta época de festa. A tradição mais peculiar a norte é o "jantar do Mordomo da Cruz", que acontece anualmente em Ribeira Lima. É quem transporta a cruz que tem de pagar o almoço a toda a freguesia, numa mesa que pode chegar a acolher cerca de 500 pessoas! A tradição repete-se em Fontão e Meixedo.
Em Valença, a doçaria é a rainha da Páscoa, sendo os borrachos o doce de eleição. Na região de Basto não falta à mesa o cabrito assado, prato que constitui a principal tradição gastronómica desta época. Em Trás-os-Montes é o delicioso folar de carne que merece destaque. A bola, elaborada com farinha, fermento, ovos, leite, azeite ou manteiga, e carne de porco, entre outras carnes, já ganhou adeptos um pouco por todo o país.
Na região de Felgueiras não falta nas mesas o famoso pão-de-ló de Margaride. Já em Vila do Conde e na Maia é o folar doce que impera, sob a designação de pão-doce ou broinhas.
Centro e Sul
Empenadinhas, broinhas e bolos de azeite, chanfana e leitão assado marcam presença nas mesas do centro do país. Na região da Covilhã, a iguaria típica desta época são as empenadinhas.
Em diversas regiões do centro as broinhas e os bolos de azeite são os favoritos nesta época. Já na Beira Litoral, as mesas não passam sem chanfana ou leitão assado.
Alentejo
Em toda a região do Alentejo o cordeiro é o prato principal. No que diz respeito aos folares, há dois tipos em particular dignos de destaque: Em Castelo de Vide, o folar tem a forma de um duplo coração de ovos, decorado com motivos feitos da mesma massa e em Elvas, os folares apresentam formas de animais, representando borregos, lagartos, pintainhos ou pombos.
Conheça a lenda do folar da Páscoa
Desconhece-se a origem desta lenda sobre um dos alimentos mais tradicionais desta época, sabendo-se apenas que é muito antiga. A história tem como protagonista uma jovem chamada Mariana que vivia numa aldeia portuguesa e desejava ardentemente casar-se cedo. Para cumprir o seu desejo, rezava muito a Santa Catarina, a quem era devota. A Santa não demorou muito a concretizar-lhe o desejo: Logo surgiram dois pretendentes. Os dois belos jovens tinham apenas duas diferenças que dificultavam a escolha: um era um fidalgo rico e o outro, um lavrador pobre. Absorta em dúvidas, a jovem Mariana voltou-se novamente para Santa Catarina, a quem pediu ajuda para fazer a escolha certa. Os dois jovens bateram-lhe à porta, primeiro um, depois o outro, pressionando-a para escolher. No Domingo de Ramos, os dois jovens que disputavam Mariana encontraram-se e lutaram. Quando mariana soube, correu até eles e acabou por escolher Amaro, o jovem pobre, para que parassem de lutar.
Na véspera do Domingo de Páscoa, a jovem ainda não tinha paz, pois receava que se concretizasse a ameaça do fidalgo aparecer no casamento e matar Amaro. A jovem voltou a rezar a Santa Catarina, cuja imagem lhe sorriu. Depois de colocar flores no altar, ao regressar a casa, viu que tinha em cima da mesa um grande bolo com ovos inteiros, rodeado de flores, as mesmas que Mariana tinha posto no altar. Também Amaro recebeu o mesmo e o fidalgo. Desconhecendo de onde vinha a oferta de paz, Mariana convenceu-se que a oferta vinha diretamente de Santa Catarina.
Este bolo especial começou por se chamar folore, tendo ficado mais tarde conhecido como folar e constituindo-se como uma das iguarias mais tradicionais da Páscoa, celebrando a amizade e a reconciliação. No âmbito das festividades cristãs da Páscoa, é costume o afilhado levar à sua madrinha, no Domingo de Ramos, um ramo de violetas que ela retribui, no Domingo de Páscoa, com um folar.
Fonte:
http://aeiou.escape.pt/pub/pascoa_2011/v3_tradicao_pascoa.html