Português escreve aos finlandeses: «Já vos ajudámos»
Hélder Fernandes é jornalista e correspondente da TSF nos países nórdico e «deu uma lição» de história a muitos
O mundo tem destas coisas e a vida dá muitas voltas. Há 70 anos Portugal ajudou a Finlândia «com víveres e agasalhos», o país vivia dias difíceis durante a «Guerra do Inverno com a Rússia». E foi essa «ironia do destino traçada pela História» que levou o jornalista português, Hélder Fernandes a escrever uma carta ao povo, explicou ao tvi24.pt. Para lhes relembrar o passado.
Recorde-se que no passado dia 17 de Abril, a Finlândia foi a votos e a extrema-direita finlandesa, Verdadeiros Finlandeses, tornou-se na terceira força política do país. Durante a campanha, este partido defendeu que o seu país não deveria participar no resgate financeiro da União Europeia e «ajudar Portugal».
Pegando no discurso «nacionalista» dos Verdadeiros Finlandeses, Hélder escreveu, ele próprio, uma crónica em «tom um pouco irónico e igualmente nacionalista».
Chegar ao povo e aos políticos era um dos objectivos para «acordar a consciência dos finlandeses de memória curta». Até porque o jornal eleito para a divulgação da carta, o «Helsingin Sanomat», «vende mais numa manhã, que todos os jornais portugueses numa semana», revela o seu autor.
Hélder também garantiu ao tvi24.pt que nunca foi sua intenção «salvar a honra ou imagem da classe política e governativa portuguesa» porque «essa fez, nas últimas décadas, um trabalho desastroso que se salda pela situação em que o país está. E, por isso, metê-la-ia num barco sem bilhete de retorno, se pudesse».
A sua motivação foi sobretudo «o sofrimento, a falta de alegria e confiança no futuro, o desalento e o desespero dos portugueses e portuguesas que genuinamente se esforçam para fazerem de Portugal um bom país para se viver. Esses são as vítimas inocentes do destino para que foram jogados pela irresponsável governação de uma classe política que há 25 anos anda a trazer para o nosso país mundos e sobretudo fundos comunitários de ajuda».
E se, por enquanto, a classe política da Finlândia não reagiu às suas palavras, dois diplomatas portugueses «estacionados no Norte da Europa» já telefonaram ao autor da crónica para o felicitar.
Mas aqui, mais do que conhecer intenções ou motivações, interessa ler o que os finlandeses leram e, talvez, sentir orgulho no que o povo português tem de melhor.
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