Aos pés de Madonna
Cantora arrebatou as 75 mil pessoas que invadiram o Parque da Bela Vista, em Lisboa
00h32m
CATARINA CRUZ
Entrou em palco sentada num cadeirão com as suas iniciais, frente a um séquito de milhares de fiéis admiradores. Foi o regresso de Madonna a Lisboa.
Arranca do público gritos de entusiasmo e um silêncio reverente. Cada um tem uma experiência de Madonna própria.
A cantora respira uma sensualidade mais madura do que a dos anos de "Human nature", uma das primeiras canções a soar em Lisboa (pouco depois das 21.15 horas), e em versão remisturada, mas continua a levar à letra o "Express yourself, don't repress yourself".
Quando Madonna cumprimenta o público, com um "Hello, Lisbon", este reage efusivamente e deixa-se inebriar com as músicas de "Hard candy", o mais recente álbum, ou com as músicas mais antigas, em versões repletas de sintetizadores e de distorções de voz. "Into the groove" foi o mote para uma enorme festa, em que Madonna é a única anfitriã. E a temperatura foi subindo ao longo da noite...
Antes, um desafio difícil para uma sueca. Abrir um concerto de Madonna não é tarefa fácil, mas Robyn esteve à altura e mostrou de que fibra é feita esta nova vaga pop da Suécia.
Na estreia em Portugal, Robyn fez-se acompanhar pelo álbum homónimo, publicado em 2005, pela editora fundada por ela, e que só chegou à Europa e aos Estados Unidos em 2007. "Nunca vi tanta gente junta no mesmo sítio", confessou Robyn, entre as primeiras músicas.
Apesar de ser apenas conhecida pelo mais recente álbum, Robyn faz parte daqueles talentos precoces que, por vezes, precisam de um interregno para alinhar ideias.
"Robyn is here" marcou a sua estreia, em 1995, tendo editado "My truth", em 1999, e "Don't stop the music", em 2002.
"Estão prontos para Madonna?", perguntou Robyn, em tom retórico. Seguindo a mesma linhagem musical do mais forte ícone da pop, a sueca foi o aperitivo ideal para o espectáculo que se seguiu.
Enquanto Robyn desfrutava de uma frente de palco repleta de fãs ávidos para ver Madonna, no fundo do recinto, várias pessoas aproveitavam para jantar, antes de assumirem o seu lugar para receber a atracção principal.
Durante a tarde, o compasso de espera foi longo, sob uns incómodos 27 graus que, estranhamente, pareciam não chatear maioria dos fãs.
O checksound começou a ouvir-se a partir das 15 horas e prolongou-se até perto das 17, hora prevista para a abertura das portas do Parque da Bela Vista.
Quando êxitos como "Like a prayer", de 1989, soavam, o público agitava-se. As filas, de vários quilómetros, desenhavam uma moldura humana heterogénea quanto baste, que só vem reiterar a capacidade da cantora norte-americana se reinventar e atravessar gerações.
Dos que assistiram à Madonna de "Erotica" aos que reconhecem a diva da pop pela sua "4 minutes", com Justin Timberlake, estavam lá todos. A espera de quase uma hora e a entrada a conta-gotas foi deixando alguns fãs impacientes, que, assim que viam a passagem livre, corriam para garantir o melhor lugar possível.
Os resistentes que pernoitaram nas imediações do recinto tiverem uma boa surpresa pela manhã, quando lhes foi anunciado que ocupariam um lugar no "Gold Circle", uma área à frente do palco reservada para os fãs com bilhete especial.
Fonte:
Jornal de Noticias