As crianças não sentirão a crise este Natal, apesar de distribuidores afirmarem que as vendas de brinquedos estão a correr a um "ritmo mais lento", com os mais caros a sofrerem quebras de 30%, e do preço médio ter baixado.
Mas também há produtos que já estão esgotados. A cinco dias do Natal, é difícil encontrar nas prateleiras das lojas que vendem brinquedos o Castelo da Barbie Diamante, algumas pistas da Hot hills e um camião do Cars, com preços a rondar os 50 euros.
"São brinquedos que estão a funcionar muito bem", disse à agência Lusa a directora de Marketing da Mattel, Sara Marçal, garantido que "continua a haver procura de brinquedos", apesar de "talvez" se ter vendido menos.
Portugal tem a tradição de homenagear muito as crianças sobretudo no Natal e nos aniversários, mas "na realidade nota-se que as pessoas estão a fazer contas à vida, o que vem criar algumas aflições à indústria e ao comércio de brinquedos", afirmou à Lusa o presidente da Concentra, Pedro Feist.
As vendas da distribuidora de brinquedos Concentra e dos seus clientes estão a decorrer num "ritmo mais lento" e há um "claríssimo abrandamento", designadamente nas peças de valor mais elevado, cujos limites baixaram entre 30 a 40 por cento.
"Isto vem trazer alguns prejuízos evidentes ao comércio de brinquedos no Natal", afirmou Pedro Feist, que ainda não tem estimativa dos prejuízos porque a venda dos brinquedos, nesta época, "joga-se até ao final".
No entanto, as reposições são "substancialmente inferiores em relação aos outros anos", disse o presidente da Concentra, que representa brinquedos como a "Carlota Cambalhota", a "Kátia Beijinhos" e as famosas "Bratz".
A directora de Marketing da Mattel afirmou, por seu turno, que o "feedback" que tem dos clientes é que os consumidores adiaram o início das compras de Natal, "mais do que nos outros anos".
Há duas semanas, o mercado de brinquedos estava a decrescer quatro por cento, disse Sara Marçal, ressalvando que as últimas duas semanas antes do Natal são "cruciais".
"Estamos a falar de quase 30 por cento do total de vendas do ano que são feitas nestas semanas", sustentou, convicta de que "nesta crise as crianças serão seguramente as menos afectadas".
Nas cadeias de hipermercados do Grupo Auchan as vendas estão dentro dos objectivos determinados para esta operação, inclusivamente com um "crescimento sobre o ano anterior", disse à Lusa o director da Central de Compras do Grupo, Fernando Araújo.
"O que se nota é uma procura maior de brinquedos até aos 15 euros", frisou. Para responder à procura dos clientes, o Grupo Auchan alargou o leque de oferta de brinquedos com este preço e montou uma "série de operações" para cativar os consumidores, como as promoções de 60 por cento logo no dia 15 de Outubro.
O objectivo foi repartir "mais equilibradamente o consumo ao longo da campanha, facto que resultou muitíssimo bem", apesar de se apostar ainda muito nos "cinco dias finais", que são "muito fortes nesta área de negócio", explicou.
Os brinquedos mais vendidos nestes hipermercados são o Nenuco com salão mágico, o Rádio Controle Heat II, o Mack super Camião dos Cars e o Abecedário do Noddy.
Mas os videojogos conquistam cada vez mais terreno nas compras de Natal. "É um produto que em termos de venda vai além da época natalícia", sublinhou o responsável.
Rui Martins passeava pelos corredores de um hipermercado à procura do brinquedo "especial" para oferecer ao filho de dois anos.
Os restantes brinquedos comprou-os com antecedência. "As minhas sobrinhas pediram-me 'playstation' e jogos de computador, mas são artigos muito caros", confessou Rui Martins, que gastou entre 30 a 40 euros com cada criança.
Raul Sousa aproveitou as promoções para comprar os presentes para as netas.
"Em tempo de crise, as promoções ajudam muito. Num brinquedo não se nota, mas se comprarmos muitos já representa muito dinheiro em descontos", acrescentou.
HN.
Lusa/fim