Uma menina de 11 anos, de etnia cigana, foi raptada perto da sua casa, em Santa Maria da Feira. Poucas horas depois, Joana, nome fictício, foi obrigada a casar-se e a manter relações sexuais com o marido, de 18 anos, também de etnia cigana. A PJ do Porto, alertada pela família de acolhimento da menor, pôs fim, anteontem à tarde, ao calvário da criança, que esteve três dias sequestrada.
Resgatou-a a mais de cem quilómetros de sua casa quando Joana estava sequestrada no acampamento de Vila Franca, em Montemor-o-Velho. A festa de casamento tinha terminado há pouco.
Ontem à tarde, o marido, o irmão, de 17 anos, e os pais foram presentes ao Tribunal de Santa Maria da Feira. A mulher levava ao colo uma criança de tenra idade. Os quatro detidos são acusados de rapto, sendo que o jovem que obrigou a menina a casar-se é ainda acusado de violação, consumada pelo menos na noite de núpcias.
Ouvidos pelo juiz, todos os arguidos foram enviados para prisão preventiva. O pai do noivo – chefe do acampamento cigano onde Joana estava retida – regressou assim à cadeia de Aveiro de onde estava foragido. Cumpria pena de prisão por furto qualificado e, aproveitando uma saída precária, não regressou ao estabelecimento prisional.
Ao que o CM apurou, a menina foi abordada em plena rua pelos arguidos, na tarde de domingo. O grupo, conhecido dos pais biológicos da vítima (que está entregue por decisão do Tribunal de Menores a uma família de acolhimento), foi de propósito a Santa Maria da Feira porque o jovem, de 18 anos, terá exigido casar com Joana.
Pediram-lhe indicações para encontrar um café e à força meteram a menina no carro. No dia seguinte, foi obrigada a casar pelo ritual cigano.
Quando foi resgatada pela PJ, Joana estava muito abalada e aterrorizada. Regressou a casa dos pais de acolhimento em Santa Maria da Feira. Já realizou exames médicos no Instituto de Medicina Legal e terá acompanhamento psicológico por tempo indeterminado.
FAMÍLIA CEDEU A CAPRICHO
O filho do chefe do acampamento cigano de Vila Franca, em Montemor-o-Velho, terá exigido ao pai casar-se com Joana. Conheceu a menina quando esta ainda vivia com os pais biológicos e desde então não quis outra noiva.
O pai cedeu ao capricho do filho, de 18 anos, e delineou um plano para raptar a menina de apenas 11. Envolveu a família mais próxima e a sua mulher terá servido de isco quando abordaram Joana. A matriarc pediu-lhe informações sobre a localização de um café e a ingénua criança não desconfiou do que a esperava. Nem teve tempo de se aperceber que estava a ser raptada.
Durante três dias esteve sequestrada no acampamento. Na segunda-feira foi obrigada a casar-se numa cerimónia cigana. E foi violada durante a noite de núpcias.
A PJ encontrou o rasto de Joana anteontem e de imediato montou uma operação de grande envergadura para resgatar a menina. Joana estava muito assustada quando foi salva pelos inspectores.
PORMENORES
ACOLHIMENTO
Joana foi retirada aos pais biológicos por decisão do Tribunal de Menores. Está entregue aos cuidados de uma família de acolhimento, a quem a PJ a devolveu.
ALERTA À PJ
Apercebendo-se do desaparecimento da menina, os tutores da criança alertaram logo a PJ
Fonte: correiodamanha.