Xysticus grallator (Simon, 1932) – uma nova espécie de aranha para Portugal
Faz agora oficialmente parte da nossa Fauna uma espécie de aranha que nunca tinha sido detectada em Portugal e só se conhecia em seis localidades em todo o mundo. Foi encontrada ocasionalmente durante um passeio nocturno na Universidade de Évora!
A espécie de aranha Xysticus grallator foi descrita por E. Simon na sua obra Les Arachnides de France para a ilha da Córsega em 1932 e foi depois citada em Itália (Sardenha) por Kraus em 1955 e em Espanha por Urones et al. em 1983.
Muito poucos exemplares foram encontrados até hoje e pouco se sabe também sobre a biologia desta espécie.
Em Outubro de 2000, em Valverde (Évora), foi encontrado o primeiro exemplar em Portugal (um macho), durante uma saída nocturna sendo depois encontrados mais dois machos em Outubro de 2003: um exactamente no mesmo local, o outro, a cerca de 7 Km. Estas novas citações para o território português, vêm ampliar para Sudoeste a área de distribuição mundial conhecida de X. grallator Simon, 1914.
Facto curioso, é que em toda a área de distribuição conhecida, e ao longo de 72 anos, os adultos desta espécie surgiram todos no mês de Outubro, o que sugere uma vida de adulto muito curta com uma época de reprodução restrita.
Ao contrário das restantes espécies do género Xysticus, esta espécie apresenta patas muito compridas facto que levou Simon a atribuir-lhe um grupo próprio chamado de longipes ou “patas compridas”.
É possível que esta espécie tenha um comportamento mais arborícola que as restantes e por isso seja menos robusta e mais ágil, parecendo ter preferência por zonas mais húmidas.
O artigo com a citação desta espécie foi aceite pela RIA – Revista Ibérica de Aracnologia e encontra-se em fase de publicação.
Macho de X. grallator
Com mais esta citação, eleva-se o número de espécies de aranhas conhecidas em Portugal para 746 de acordo com a mais recente listagem oficial de P. Cardoso incluída no site Aranhas.info. Este número aumenta todos os anos o que mostra o quanto ainda nos falta conhecer sobre o nosso Património Natural.
A foto que aqui se apresenta, do macho encontrado em 2000, é o único registo fotográfico de um macho desta espécie em todo o mundo.