Desde que se identificou o vírus responsável pela nova gripe os laboratórios entraram numa corrida para fazer uma vacina. Esta deve ficar disponível apenas em Dezembro, mas muitos países já reservaram dezenas de milhões de doses. Portugal ainda não fez a sua pré-reserva, mas o Ministério da Saúde garante que isso não vai implicar atrasos na entrega.
Ao contrário de Espanha e de outros países da União Europeia (UE), Portugal ainda não encomendou a vacina contra a gripe A. Uma demora que pode fazer com que o País só comece a receber as primeiras doses algum tempo depois daqueles que já fizeram a pré-reserva, avançam fontes da indústria farmacêutica e especialistas.
A vacina contra o H1N1 já está a ser produzida em vários laboratórios mundiais e espera-se que as primeiras doses estejam prontas no princípio de Outubro. No entanto, só deverá ficar disponível na UE em Dezembro, devido à necessidade de estudos dos especialistas sobre os grupos de risco, explicou ontem a directora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Chan.
Mas há já grandes encomendas. "Os Estados Unidos, por exemplo, já confirmaram e já pagaram a encomenda de 80 milhões de doses. E querem cerca de 600 milhões no total", explica o virologista Jaime Nina, do Instituto Ricardo Jorge. Além dos EUA, também Canadá, França, Áustria, Nova Zelândia, Austrália, Finlândia, e Espanha já o fizeram, para citar apenas alguns países - geralmente com reservas na casa dos milhões. "Nós vamos receber antes do Malaui e do Burkina Faso, mas com certeza que depois dos Estados Unidos e da Suécia", diz o especialista.
Ontem subiu para 48 o número de casos confirmados. Mas segundo fonte oficial do Ministério da Saúde (MS), as autoridades portuguesas estão ainda a definir os grupos prioritários e o número de vacinas a adquirir. Para isso, o MS juntou um grupo de peritos que decidirá a quantidade a encomendar. "A principal preocupação tem sido chegar a um número razoável", explica Joana Réfega, assessora da ministra da Saúde.
Ainda na semana passada, Ana Jorge anunciou que Portugal vai fazer a pré-reserva em breve. No entanto, ontem, ainda não havia novidades. "Ainda estamos dentro dos timings e isso não vai acarretar nenhum atraso", garantiu aquela fonte.
Fontes da indústria farmacêutica avisam, porém, que os países que reservaram primeiro vão receber a vacina antes. Desde o final de Maio, quando o vírus foi isolado, os laboratórios têm estado a trabalhar a contra-relógio para produzir uma vacina (ver infografia) - só há meia dúzia de fabricantes capazes de o fazer, incluindo a Baxter, a GlaxoSmithKlein, a Novartis, a Sanofi-Aventis e a Solvay.
Por isso, ao contrário da vacina da gripe sazonal, que é armazenada para depois ser distribuida, esta será escoada logo que esteja pronta, sobretudo na fase inicial.
A Sanofi Pasteur, por exemplo, já começou a produção em larga escala em unidades dos EUA e França. A GlaxoSmithKlein, por sua vez, destinou laboratórios no Canadá e na Alemanha para fabricar a vacina. No entanto, ainda tem de se apurar a quantidade de vírus para cada vacina e quantas doses são necessárias para imunizar as pessoas contra o H1N1, explica Jaime Nina.
Entretanto, a ministra da Saúde espanhola defendeu ontem, na UE, que se deve adoptar uma estratégia para garantir regras de acesso iguais para todos os europeus, negociando com os laboratórios em conjunto.
fonte: DN