A Ordem dos Médicos classifica como inadmissível a conclusão de um estudo do Coordenador Nacional de Doenças Oncológicas, que revela que em mais de dez hospitais portugueses, as unidades oncológicas funcionam sem um único especialista.
Em causa está um estudo feito pelo Coordenador Nacional e Doenças Oncológicas e revelado, esta segunda-feira, pelo Diário de Notícias, segundo o qual 13 hospitais em Portugal têm serviços de oncologia que funcionam sem um médico especialista.
Perante esta conclusão preliminar de um inquérito feito aos hospitais no final de 2008, a Ordem dos Médicos considera inadmissível esta situação.
Segundo o presidente do Colégio de Oncologia da Ordem dos Médicos, Jorge Espirito Santo, tratar doentes com cranco, sem equipas multidisciplinares e sem oncologistas é inaceitável.
«No cancro não há uma segunda oportunidade, ou se escolhe a opção mais eficaz e se executa devidamente essa opção terapêutica, ou certamente os resultados, em termos de sobrevivência vão ser piores», revela Jorge Espirito Santo.
Em Portugal, a falta de especialistas em oncologia não é a única razão para este problema. «Há mais doentes, há doentes a viver muito mais tempo, este aumento do volume dos doentes transforma insuficientes os oncologistas existentes»
Outra explicação é «o facto de haver, em alguns hospitais, a tradição de tratar o doente com cancro de forma isolada. Não há multidisciplinaridade e o doente é manejado individualmente pelos especialistas da area, mas essa é uma má prática».
O presidente do Colégio de Oncologia da Ordem dos Médicos propõe, a curto prazo, uma «reorganização em rede da prestação de cuidados» e «que os profissionais possam deslocar-se entre instituições».
A falta de oncologistas afecta, sobretudo o interior e o Alentejo, em Portugal há 110 especialista activos, mas segundo Jorge Espirito Santo o ideal seria existir o dobro.
fonte:TSF