João Banza, de 28 anos, esperava tranquilamente por um amigo que pelas 03h30 de quinta-feira levantava dinheiro numa caixa multibanco na rua de Santos-o-Velho, em Lisboa. À traição foi atacado com um primeiro murro, numa aparente tentativa de assalto praticada por um único ladrão. O amigo do hoquista da Associação Desportiva de Oeiras (ADO) virou-se a tempo de ver João Banza ser agredido pela segunda vez e cair inanimado, batendo com a cabeça na calçada. O desportista foi ainda levado com vida para o Hospital de São José. A morte foi ontem à noite declarada, após mais de 24 horas ligado às máquinas, em morte cerebral.
A família de João Banza não sabe quais os verdadeiros contornos das agressões que conduziram à morte do hoquista. Familiares e colegas do jovem da secção de hóquei da ADO acreditam que a morte tenha ocorrido numa tentativa de assalto. No entanto, quando foi assistido pelo amigo, e depois por técnicos do INEM, João Banza tinha consigo todos os pertences.
Além disso, o CM sabe que no expediente feito pelos agentes da esquadra da PSP da Assembleia da República que tomaram conta da ocorrência não consta igualmente qualquer referência a uma tentativa de roubo.
A única testemunha das agressões foi mesmo o amigo de João Banza, colega de trabalho do desportista no Museu da Electricidade. Segundo o relato feito à PSP, a testemunha referiu apenas ter visto o segundo murro, já que no momento em que a primeira agressão foi feita estaria a levantar dinheiro num ATM de um banco, situado no entroncamento da rua de Santos-o-Velho com a rua das Janelas Verdes e a rua São João da Mata.
Dados concretos sobre o autor do ataque a João Banza, por enquanto, não existem.
O amigo do desportista só o terá visto pelas costas, quando corria pela rua das Janelas Verdes. No entanto, ao que o CM apurou, as câmaras de vigilância instaladas no ATM de onde o amigo de João Banza levantou dinheiro podem ter captado as agressões.
Assistido pelo INEM, o hoquista da ADO foi levado para o São José, onde ainda chegou semiconsciente. Internado nas urgências do Serviço de Neurocirurgia, a João Banza foi diagnosticado um profundo hematoma cerebral. Foi ligado a máquina destinada à manutenção básica de vida.
O estado de coma do jovem atleta foi mantido até às 17h30 de ontem, quando a morte cerebral foi declarada. As máquinas foram desligadas por indicação da família e João Banza foi declarado morto às 20h00.
PERFIL
João Banza
João Banza fez 28 anos no dia 1 de Outubro e desde Junho que representava a A.D. Oeiras. No último jogo da sua vida, há uma semana, marcou um golo frente ao FC Porto. Fez a sua formação nas camadas jovens do Sporting CP, SL Benfica e HC Sintra. Já no escalão de Seniores jogou pelo HC Turquel, o Portosantense, o Sporting CP e a Juventude de Viana, onde esteve durante cinco anos. Nascido em Lisboa, cresceu em Odivelas, onde voltou a viver este Verão, após a saída de Viana do Castelo. Amigos e treinadores descrevem-no como um bom amigo e um jogador incansável e ambicioso, incapaz de virar a cara à luta.
PORMENORES
PSP VAI INVESTIGAR
Fontes policiais disseram ao ‘CM’ que o DIAP de Lisboa deverá distribuir à PSP a investigação da morte de João Banza. O crime é o de ofensas corporais graves, agravadas pelo resultado da morte, cuja competência de investigação pode ser atribuída à PSP.
AGRESSOR FUGIU
A descrição dos factos feita pelo amigo de João Banza à polícia é clara. O autor da morte do hoquista da Associação Desportiva de Oeiras foi um único homem, que, mal desferiu o segundo murro no desportista, fugiu a correr. Por enquanto, não existem muitos dados que permitam fazer uma descrição física do alegado assaltante.
VIVIA COM A NAMORADA
João Banza residia em Odivelas com a namorada. Os pais e um irmão são da mesma localidade. O jovem hoquista da Associação Desportiva de Oeiras tinha, há pouco tempo, começado a trabalhar no Museu da Electricidade, em Lisboa.
Correio da manha