As mudanças bruscas de temperatura, que caiu ontem dez graus em relação ao final de Outubro, tornam as pessoas mais vulneráveis a gripes e pneumonias. Crianças e idosos constituem grupos de risco
As mudanças bruscas de temperaturas tornam as pessoas mais vulneráveis a gripes, pneumonias e infecções de garganta. Mas há outras doenças que são bem mais graves e também gostam do frio, como a meningite e a tuberculose. Crianças e idosos são os mais vulneráveis ao sobe e desce dos termómetros.
"As doenças associadas às mudanças bruscas de temperaturas são do foro respiratório, como pneumonias e gripes, mas há outros agentes que também gostam destas mudanças como a meningite e a tuberculose", sublinha o presidente da Associação Portuguesa de Médicos de Saúde Pública.
Mário Santos explica que "meningites e tuberculoses também aparecem no Verão, devido aos ares condicionados, mas são agentes que se desenvolvem sobretudo com as mudanças de temperatura bruscas". Além das "doenças próprias do Outono, como alergias, asmas e renites".
Com as mudanças bruscas de temperaturas, "como estas que estamos a sentir, há ainda o golpe de frio e o perigo de enregelamento", afirma o especialista.
Entre os mais vulneráveis estão as crianças, "que ainda não desenvolveram mecanismos de termo regulação, e os idosos, que sofrem com a exposição ao frio porque estão mais frágeis".
Para evitar estes perigos o médico recomenda casas pouco aquecidas para não se apanhar muito frio de repente e com as saídas para o exterior. Outro segredo está no "uso de várias camadas de roupa que permitem tirar as peças conforme as temperaturas nos diversos ambientes" (ver caixa).
Mário Santos adianta que as mudanças climatéricas bruscas "atingem mais as pessoas em zonas onde não estão acostumadas". Por exemplo "os habitantes do Sul, habituados a temperaturas mais amenas, sofrem mais com um arrefecimento brusco", conclui este especialista.
Na origem da descida brusca das temperaturas está a passagem de uma superfície frontal fria, que os climatolgistas designam de "massa polar marítima". "O País tem estado sob influência de uma massa de ar tropical continental mediterrânica, que tornou o tempo mais quente" explica Dionísio Gonçalves, climatologista e docente do Instituto Politécnico de Bragança.
"No Domingo uma frente de frio activa conseguiu romper o anticiclone e instalou-se uma massa de ar polar marítima fria que atirou as temperaturas para valores, em média, 10º C mais baixos do que os sentidos nos últimos dias de Outubro", explica. Apesar da mudança "brusca" não ser "normal" Dionísio Gonçalves sustenta que "por vezes acontecem e as temperaturas frias ao invés de chegarem de forma gradual, sofrem uma mudança abismal".
O tempo quente "é que não é normal nesta época", salienta. Este ano "têm sido atípico com o Verão a chegar em Agosto e em Outubro já houve alguns dias de frio e que deram origem às primeiras geadas", conclui.
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