Mamilos planos ou invertidos
Ingurgitamento dos seios
Ductos obstruídos e mastite (inflamação das mamas)
Mamilos dolorosos, gretas e fissuras
Mamilos planos ou invertidos
A abordagem mais importante deve ocorrer logo após o parto, quando o nascituro começa a mamar. É importante que a mãe:
· Confie em si mesma – a mãe deve saber que pode ser difícil no começo, mas com paciência e persistência ela pode ter sucesso. A sucção do bebé ajuda a puxar os mamilos para fora, e as mamas melhoram e tornam-se mais macias, uma a duas semanas após o parto.
· Conheça da técnica da amamentação – o bebé precisa de abocanhar uma boa parte da mama.
· Contacte pele-a-pele com o recém-nascido – a mãe deve deixar o bebé explorar os seus seios, permitindo-lhe pegar na mama à sua maneira, quando estiver interessado. Alguns bebés aprendem melhor por si mesmos.
· Saiba como exteriorizar o mamilo antes da mamada – a mãe pode utilizar uma bomba manual ou seringa para puxar o mamilo. Este procedimento deve ocorrer durante 1 minuto.
· Saiba dar forma à mama para facilitar a pega – a mãe deve apoiar a mama por baixo com os dedos (indicador e médio), e pressionar levemente a parte superior com o dedo polegar.
Se o bebé não consegue sugar eficazmente nas primeiras 2 semanas, a mãe deve:
Retirar manualmente o leite e dar ao bebé por um copo pequeno – a extracção do leite ajuda a manter as mamas macias, facilitando a produção do leite e a pega do seio pelo bebé.
· Extrair o leite directamente para a boca do bebé – este consegue algum alimento de imediato, ficando menos frustrado, e podendo ficar mais desejoso de amamentar.
Ingurgitamento dos seios
Quando o seio não é completamente esvaziado, o leite acumula-se nos ductos lactóforos (pequenos tubos que levam o leite ao mamilo) e a pressão aumenta no seu interior, causando edema (inchaço devido a líquido nos tecidos circundantes). O aumento da pressão dentro do seio e a obstrução dos ductos, leva à inflamação generalizada das mamas – mastite – devido à passagem do leite dos alvéolos (pequenos sacos de células secretoras de leite) para dentro do tecido mamário. Por isso, não se deve aconselhar a mãe a “descansar” o peito.
Para tratar o ingurgitamento do seio é necessário extrair o leite com um bom esvaziamento e diminuir a inflamação das mamas. Para isso, recomenda-se os seguintes procedimentos:
· Se o bebé é capaz de amamentar, deve ser alimentado frequentemente – esta é a melhor forma de retirar o leite.
· Se o bebé não consegue mamar – a mãe deve extraí-lo manualmente ou com a ajuda de uma bomba. Algumas vezes, é preciso apenas espremer a mama com a saída de um pouco de leite para que o peito se torne suficientemente macio para o bebé pegar novamente.
· Antes de amamentar ou retirar o leite manualmente, a mãe deve estimular o fluxo de leite no seio (reflexo de occitocina). Para isso, a mãe deve: colocar uma compressa morna nos seus seios, um saco de água quente ou tomar um banho de chuveiro morno (+ 20 a 30 minutos); massajar o seio levemente; e estimular a mama e pele do mamilo.
· Depois de uma mamada, é aconselhável a mãe colocar uma compressa fria sobre os seios. Este procedimento deve demorar cerca de 8 minutos, e ser repetido depois de uma pausa de igual duração.
Ductos obstruídos e Mastite
Os ductos obstruídos desenvolvem-se quando o leite materno não é removido de uma parte do seio, devido a estagnação e acumulação de leite, que se torna espesso. As primeiras manifestações são o aparecimento de um nódulo (vulgo, caroço) associado ao rubor (vermelhidão) da pele sobre o nódulo – inflamação da mama – também chamada mastite não infecciosa.
Nesta situação, habitualmente a mulher não tem febre e sente-se bem. Se houver uma contaminação bacteriana, traduzida por um agravamento das queixas – edema (inchaço), dor intensa local, acentuação do rubor, aparecimento da febre e mal estar – a mãe padece de uma mastite infecciosa.
A causa principal da obstrução dos ductos e da mastite, deve-se à má drenagem de leite de toda ou parte da mama. Quando atinge todo o peito, pode ser devido a duas razões principais:
· mamadas pouco frequentes (causas comuns: mãe cansada, mudança do padrão alimentar)
· sucção ineficaz (por má pega do peito).
Uma deficiente drenagem de parte do seio pode ser devida a:
· pressão de roupas apertadas – habitualmente o soutien, especialmente se usado de noite, ou se a mãe dormir sobre o seio, comprimindo-o, pode bloquear o fluxo de leite.
· má drenagem da parte inferior de um seio volumoso – devido à forma como o peito fica suspenso.
· sucção ineficaz – porque a pega insuficiente esvazia apenas parte do seio.
A abordagem mais importante do ducto obstruído consiste em melhorar o fluxo de leite da parte da mama afectada. Para isso, deve-se procurar a causa da má drenagem e corrigi-la. A mãe deve verificar se:
· a pega do peito é correcta
· há pressão das roupas ou se a mama está comprimida pela posição de dormir
· segura a auréola com os seus dedos, de forma a bloquear o fluxo de leite
· o ducto obstruído está na parte inferior da mama. Neste caso, ela deve levantar mais a mama enquanto o bebé amamenta, para ajudar a drenar a parte inferior do seio
Apesar da causa, a mãe deve:
· amamentar frequentemente
· massajar suavemente a mama enquanto o bebé está a mamar
· aplicar compressas mornas entre as mamadas
· começar a amamentação pelo peito que está sem problemas
· amamentar o bebé em diferentes posições – ajuda a drenar o leite de diferentes partes da mama
· retirar o leite manualmente, se a amamentação é difícil
Habitualmente, um ducto obstruído ou mastite melhora rapidamente (um dia), quando a drenagem da parte da mama afectada melhora. No entanto, se as manifestações da infecção forem graves ou não houver melhoria do fluxo de leite após 24 horas, a mãe deve ser observada de imediato por um médico, que a deve aconselhar sobre as medidas não farmacológicas já descritas e medicar com:
· analgésicos – paracetamol para a dor
· antibiótico – flucloxacilina ou eritromicina, são os mais comumente utilizados
Mamilos dolorosos, gretas e fissuras
O mamilos dolorosos aparecem frequentemente quando há estagnação do leite materno e ingurgitamento das mamas. Netas condições, o bebé apenas aboca o mamilo e exerce sobre ele toda a sua força de sucção. Outras situações que favorecem o aparecimento de fissuras e gretas, normalmente dolorosas:
· mamadas muito prolongadas
· o uso do mamilo como chupeta
· má técnica de amamentação
· higiene pouco adequada dos seios
· a interrupção demasiado brusca das mamadas
A abordagem destas situações passa em primeiro lugar por procurar a causa, através da observação do bebé a amamentar (pega ineficaz?), das mamas (sinais de ingurgitamento, gretas, fissuras, infecção?) e da boca do bebé (sapinhos? (candidose oral)), língua presa? (freio curto da língua).
As fissuras e gretas provocam normalmente o retraimento da mãe para amamentar, pelo que o tratamento adequado deve:
· aumentar a auto-confiança da mãe – porque a dor é transitória
· melhorar a pega do bebé
· reduzir o ingurgitamento, se necessário
· considerar o tratamento para a infecção ao fungo (Candida), se a pele do mamilo e a auréola estiverem avermelhada, brilhante ou fina. Também pode ocorrer prurido (comichão) local e/ou dor.
O tratamento farmacológico da Candidose mamária, pode incluir:
· Violeta de genciana a 0,5% para aplicar no mamilo da mãe diariamente durante 5 dias; ou
· Nistatina creme 100.000 UI/g para aplicar nos mamilos 4 vezes por dia após as mamadas. Continuando a aplicar por 7 dias depois da cura das lesões.
O tratamento farmacológico para a Candidose oral do bebé, consiste:
· Pincelar a boca do bebé com violeta de genciana a 0,25%, diariamente ou em dias alternados durante 5 dias e até 3 dias após o desaparecimento das lesões; ou
· Nistatina suspensão 100.000 UI/ml para aplicar 1ml com conta-gotas na boca da criança, 4 vezes ao dia, após as mamadas por 7 dias, ou pelo tempo em que a mãe esteja a ser tratada.
Autor: Dr. Mário Santos
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