"Enganados". É o que dizem os 28 funcionários da pastelaria Lua de Mel, na Rua da Prata, Lisboa, que fechou sexta-feira para alegadas obras, mas afinal seria para tirar equipamento. A PSP terá agredido funcionários na operação.
As montras estão cobertas, não se vê nada para dentro. Um papel colado no vidro explica que a pastelaria Lua de Mel, na Rua da Prata, em Lisboa, está fechada, até hoje, por motivos de limpeza.
Mas, o estranho é que nem os 28 funcionários desta casa sabiam de tal interrupção. Só a desconfiança é que os levou a constatar o pior: A Lua de Mel foi de facto limpa, mas num sentido negativo do termo, já que as máquinas e o equipamento foram levados para destino incerto, encerrando assim esta pastelaria com 30 anos.
A sensação de que algo estaria mal nasceu, para os funcionários, quando sexta-feira à noite recebem um telefonema a dizer que estavam dispensados de trabalhar sábado e segunda-feira, por motivos de limpeza. Isto depois de um dia normal de trabalho, em que o sócio-gerente, José Fernandes, nunca mencionou qualquer limpeza e até aceitou os pedidos de encomendas previstos para os dias seguintes. No dia seguinte, de manhã, postaram-se frente às instalações, onde muitos trabalham há mais de 20 anos, e perceberam que a tal limpeza consistia na remoção do recheio da loja.
E aí começaram os protestos. Tentaram impedir a saída das carrinhas, foi chamada a PSP, mas esta força policial não só deixou sair o material como ainda conteve, alegadamente com uso da força, o ímpeto dos funcionários. Dois deles, Mário Sousa e António Costa, terão sido agredidos, recebendo assistência hospitalar.
Ontem, de novo reunidos frente à Lua de Mel, os trabalhadores manifestaram a sua revolta pelos contornos do processo. Dizem-se enganados e não percebem a atitude dos patrões. Dizem também que a oferta para rescindir o vínculo laboral é baixa, apenas 75% do que seria obtido segundo a lei, mas também ainda ninguém confirmou que estão despedidos.
"É um encerramento ilegal, os patrões, para o fazer, têm de ter justificações, o que não é o caso", explicou Rodolfo Caseiro, do Sindicato de Hotelaria e Turismo, afecto à CGTP, também presente. Ontem, foi alertada a Autoridade para as Condições de Trabalho, assim como foi interposta uma providência cautelar. E também foi pedida uma audiência ao Ministério da Administração Interna, por causa da acção policial.
in jn.sapo.pt