Em Portugal, quase um milhão de pessoas têm diabetes. De acordo com o estudo da prevalência da diabetes em Portugal, que é hoje apresentado, já atingimos o número de casos esperado só para 2025 - ou seja, 16 anos antes do que estava previsto. A continuar com esta evolução, é possível que, nessa altura, "tenhamos 20% da população com a doença", calcula José Manuel Boavida, o coordenador do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes.
Os números divulgados hoje mostram uma prevalência muito acima dos últimos dados conhecidos, do último Inquérito Nacional de Saúde (2005/6), que avançavam uma prevalência de 6,5% da diabetes. Luís Gardete, presidente da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), avança ao DN que "estes dados incluem os casos não diagnosticados, que rondam 40% do total".
"Muitas pessoas ainda não sabem que têm diabetes e apenas têm conhecimento disso quando já têm sintomas graves, como problemas oculares (retinopatia diabética) ou dos rins", explica.
Amanhã serão também conhecidos os dados sobre pré-diabetes, ou seja, sobre as pessoas que correm maiores riscos de vir a desenvolver a doença. "Se somarmos os pré-diabéticos ao número de pessoas com a doença, ultrapassamos largamente o milhão de casos", diz Luís Gardete Correia. Há muitas pessoas com alterações ao nível da tensão arterial, colesterol ou com excesso de peso que podem vir, ou não, a tornar-se diabéticas.
Parte deste crescimento deve-se ao aumento da esperança de vida - a doença afecta sobretudo pessoas mais velhas - aos maus hábitos alimentares e à ausência de exercício físico, associados à obesidade, hipercolesterolemia e outras doenças ligadas à diabetes.
Apesar de a maior subida de casos ser de diabetes tipo II, a tipologia mais frequente e associada aos estilos de vida, o mesmo responsável avança que no tipo 1 houve um ligeiro aumento.
Mais preocupante é o facto de esta doença afectar cada vez mais jovens, "entre os 20 e os 39 anos", refere, sem especificar o número de casos. "Este problema tem mesmo de ser combatido, porque já começa a ter relevância", avança.
O estudo foi desenvolvido pela Sociedade Portuguesa de Diabetologia, em conjunto com a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal, Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de Coimbra e com o apoio da Direcção Geral da Saúde. Foram realizados interrogatórios e exames em a 5167 pessoas em 122 lugares escolhidos aleatoriamente.