A auto-estrada que liga Lisboa a Cascais (A5) foi classificada como a via com mais pontos negros no relatório de sinistralidade da Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária (ANSR) respeitante a 2008. No total são seis pontos negros (a via tem apenas 25 km) num total de 45 existentes no País.
Em 2008, verificou-se na A5 um aumento do número de feridos graves e ligeiros, diminuindo os acidentes. A curva do Estádio Nacional é a zona mais crítica, assim como a entrada e saída da CRIL, o troço seguinte à portagem de Carcavelos e a saída para a CREL. Nos seis pontos negros foram registados 37 acidentes, um morto, dois feridos graves e 46 ligeiros.
Para a ANSR, um ponto negro é um troço com 200 metros onde se houve registo num ano de pelo menos cinco acidentes com vítimas, definição contestada (ver caixa).
No ranking das estradas mais perigosas do País, e imediatamente a seguir à A5, aparecem a Estrada Nacional 10, que liga Almada a Sesimbra, e a A2 (auto-estrada do Sul), com quatro pontos negros cada. Em terceiro lugar surgem a Nacional 3 (ligação Cartaxo/Azambuja) e a A1 (auto-estrada do Norte) com três pontos.
Feitas as contas, as estradas do Litoral são onde há um maior número de pontos negros, com o distrito de Lisboa a liderar (19), seguindo-se Setúbal (7), Porto (6) e Braga (5). Apesar de tudo, existe uma tendência decrescente que se tem vindo a verificar desde 2002.
No ano passado foram identificados 45 pontos negros – ‘desapareceram’, assim, 17 troços perigosos face aos 62 registados em 2007.
A Estrada Nacional 125, que atravessa o Algarve, liderava em 2007 o índice de pontos negros (com sete). Este ano desapareceu da lista das estradas mais perigosas do País. As obras de recuperação desta e de outras vias são apontadas como o factor que mais contribuiu para a súbita redução de pontos negros.
'40 POR CENTO DE MORTOS NAS ESTRADAS NÃO SÃO CONHECIDOS'
'A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) e o Ministério da Administração Interna têm-nos habituado nos últimos anos a ter muito cuidado com os números da sinistralidade', alerta Manuel João Ramos, presidente da Associação dos Cidadãos Automobilizados. E concretiza: 'Por exemplo, na avaliação do que é um ponto negro há que contabilizar o número de acidentes, mas sempre em função da densidade de tráfego do local – o que não é feito pela ANSR. E, quando se fala em vítimas, não são contabilizados nos números oficiais da sinistralidade cerca de 40 por cento dos mortos na estrada – pessoas que são retiradas com vida do local do acidente e que acabam por morrer dias mais tarde no hospital'. Para Manuel João Ramos, os números da sinistralidade em Portugal 'são distorcidos ano após ano por uma máquina de propaganda grande. Quando a Direcção-Geral de Viação acabou e deu lugar à ANSR, com falta de recursos humanos, financeiros e estruturais, dedicou-se a produzir comunicados bombásticos. Os pontos negros não se tratam com esta ligeireza'.
PORMENORES
NORTE DO PAÍS
Em termos de perigo lideram as estradas do Norte com a N105 que liga Santo Tirso a Guimarães a registar 13 acidentes.
MORTES
Lisboa e Setúbal são as cidades com maior taxa de mortalidade do País. A capital portuguesa registou 93 mortos em 2008.
IC19
O IC 19 é outra das novidades. Este ano aparece com um único ponto negro. Em 2006 era a área mais crítica (14).
OS PIORES
A / M / FG / FL
A5 (km 7,8 a 8)Nó do Estádio Nacional
6 / 1 / 1 / 7
EN3 (km 7,55 a 7,7)Saída Vila Nova da Rainha
5 / 1 (/ 2 / 8
EN10 (km 20,4 a 20,55)Perto de Coina
6 / 1 / 1 / 5
EN105 (km 41,2 a 41,4)Povoreira, Guimarães
6 / 1 / 2 / 11
A29 (km 47 a 47,2)Saída para A44, Gulpilhares, Porto
6 / 1/ 0 /7
EN104 (km 6,98 a 7,1)Vilarinho, Santo Tirso
6 / 1 / 0 15
A29 (km 37,5 a 37,7)Entre nós de Espinho e Esmoriz
6 / 1 / 0 / 8
Legenda -Acidentes (A); Mortos (M); Feridos Graves (FG); Feridos Ligeiros (FL)