Dois homens, de 22 e 24 anos, morreram ontem de madrugada num acidente de viação na A1, em Gaia. O automóvel despistou-se e caiu de um viaduto com cerca de 12 metros de altura para uma rua em Santa Marinha. O voo fatal só terminou num campo agrícola.
Dada a violência do embate, Bruno Sousa, 22 anos, que conduzia um Honda Civic, e o amigo, Carlos, 24 anos, ambos residentes em Oliveira do Douro, terão tido morte imediata. Carlos deixa uma filha de cinco anos.
De acordo com o chefe de serviço dos Sapadores de Gaia, Manuel Rosa, o alerta para o despiste, que aconteceu no sentido Porto/Gaia, chegou ao quartel às 4.06 horas. Os primeiros a chegarem ao local do sinistro foram os Bombeiros Voluntários de Coimbrões e perceberam logo que “o acidente era muito grave”, uma vez que o carro estava “completamente destruído”, confirmou, ao JN, o chefe António Azevedo, que explicou que “foi preciso utilizar material de desencarceramento”.
Nas operações, além do Destacamento de Trânsito do Porto participou também uma equipa do INEM. Contudo, já nada havia a fazer para salvar os dois amigos. Não se conhecem as causas do acidente.
Foi André Borges, amigo de Bruno e de Carlos, que deu a trágica notícia às duas famílias, por volta das sete da manhã. “Preferi ser eu a avisar os familiares antes que as autoridades o fizessem”, revelou. De acordo com André, naquela noite o grupo de amigos tinha ido “jantar perto do Hospital de Santo António, no Porto”. “Saímos da Ribeira por volta das quatro da manhã. Vínhamos para casas em três carros. No da frente ia o Bruno, no do meio o Bruno Sousa e o Carlos, e atrás ia eu”, contou o jovem, estudante de Jornalismo, que não chegou a ver o despiste.
“Estava a chegar a casa quando o Bruno me ligou a perguntar pelos outros”, recordou André, que na altura decidiu voltar para trás. Já o condutor que ia à frente de todos tinha passado de novo na A1, quando viu “um rail derrubado”. “O Bruno saiu para Coimbrões e andou rente à auto-estrada à procura do acidente, quando viu o carro enfiado num campo”, disse André, inconformado.
O jovem não consegue “perceber” o que se terá passado com o carro que Bruno Sousa conduzia. “Ele sabia bem os limites de velocidade e nunca arriscava”, disse.
Junto à casa de Bruno Sousa, o irmão, Hugo, de 18 anos, recebia ontem de manhã o apoio dos amigos. “Os meus pais estão em estado de choque. Nem consigo imaginar como isto foi acontecer ao meu irmão”, contou Hugo, ao JN, lembrando a intenção do irmão, conhecido como “Breca”, de “acabar o 12.º ano para seguir para a Polícia”. Actualmente, a vítima trabalhava numa fábrica de peças de automóveis.
Já em Quebrantões, onde vivia Carlos (que tinha a alcunha de “Chipita”), a família, proprietária do café “Mira Rio”, preferiu fechar o estabelecimento e ficar recolhida em casa. Ao que o JN conseguiu apurar, Carlos era o filho do meio e tinha mais duas irmãs. Vivia com a companheira e era pai de uma menina de cinco anos, Diana. Ontem de manhã, a criança tinha saído para uma excursão da escola a Lisboa momentos antes da trágica notícia ter chegado à família.
Na mercearia da dona Ilda, paredes meias com o café dos pais de Carlos, as vizinhas lamentavam o sucedido. Em lágrimas, Natália, a viver há 39 anos em Oliveira do Douro, agradecia a “sorte” do filho, que “recebeu um telefonema do Carlos para sair, mas preferiu ficar em casa”. “O destino estava traçado”, concluiu.
JN
Kero só acrescentar k eu e o meu marido conheciamos o Bruno Sousa