Às onze horas (as mesmas que em Portugal) o olhar do mundo cairá sobre Londres, mais precisamente sobre a Abadia de Westminster, para desvendar um dos segredos mais bem guardados do casamento real entre o príncipe William de Inglaterra e Catherine Elizabeth Middleton.
Futilidades à parte, o vestido da noiva é, para muitos especialistas e curiosos, mesmo para aqueles que não se interessam por moda, o adereço que compõe e adorna (quase) toda a cerimónia.
Há quem diga que a escolha do vestido diz muito sobre a personalidade da noiva. Hoje saber-se-á se Kate opta pela sobriedade, imagem que lhe tem assentado que nem uma luva, ou se pretende enviar uma mensagem de ousadia à pesada instituição que é a monarquia britânica.
As apostas multiplicam-se na internet e nos órgãos de comunicação sobre o nome do/a sortudo/a escolhido/a para desenhar o modelo. Sarah Burton, da casa Alexander McQueen, Bruce Oldfield, Phillipa Lepley e Alice Temperley estão no top dos vaticínios.
Em Londres
e na web
Outra previsão, esta do boletim metereológico, aponta para que chova. Mas, lá diz o ditado, boda molhada é boda abençoada . E mesmo que assim seja, o número de visitantes que se prevê para hoje nas ruas de Londres, mais de um milhão, pode não andar muito longe da verdade.
Megalómana é também a audiência estimada entre a televisão, a internet e a rádio. As estimativas apontam para dois mil milhões de pessoas espalhadas pelos quatro cantos do mundo. Quem resiste a uma boa história entre príncipes e princesas?
Se o casamento dos pais do noivo, Carlos e Diana, foi o casamento da era da televisão a cores, este é, sem dúvida, o da época da internet e das redes sociais. Para começar, até o YouTube (canal de partilha de vídeos) o transmite ao vivo, na íntegra. Antes mesmo do noivado, já a Casa Real tinha criado um perfil sobre o enlace no Facebook, fora os aplicativos oficiais disponíveis para iPad e Android, os perfis do Twitter e FlicKr e um site, actualizado diariamente, com a assinatura da Clarence House, a residência oficial do príncipe.
Esta estratégia é uma das muitas que têm dado o toque de modernidade à monarquia britânica, que, coincidência ou sinal dos tempos, tem rejuvenescido ainda mais depois do namoro de oito anos entre Kate e William. Desde cedo, Kate mostrou-se pronta a desafiar tanto protocolo e tanta tradição.
O primeiro passo foi ter partilhado a mesma casa com o príncipe antes do casamento, na altura em que estudavam na faculdade escocesa de St. Andrews. Fez questão de ser ela a tomar as rédeas de todos os preparativos do casamento, até porque tem um voto económico na matéria.
Depois de algumas especulações e contradições sobre o patrocínio da boda, sabe-se agora que os custos do casamento são divididos entre a Coroa e a família Middleton. Já as despesas de segurança - estão destacados cinco mil agentes para a cerimónia - ficam a cargo do Governo, quem é como quem diz, dos contribuintes que pagarão a factura equivalente a 5,6 milhões de euros.
Por estas e por outras, os súbditos ingleses dividem-se entre euforia, revolta (atendendo à actual crise), enfado e apatia. Há sondagens que indicam que só um terço dos britânicos mostra interesse pelo casamento real. Alguns parecem mais interessados nas tricas à volta do acontecimento do que propriamente no casamento do século. «Casamento do quê?», ironizam alguns súbditos.
A verdade é que o deleite parece ter sido maior quando um guarda do Palácio de Buckingham - onde se realiza o banquete - ofendeu a noiva através do Facebook, chamando-lhe «vaca arrogante», o que provocou a sua exclusão da cerimónia.
Nos 1.900 convidados para o enlace, lista finalmente divulgada pela Casa Real, contam-se familiares e amigos dos noivos, representantes da realeza e de distintos governos, corpos diplomáticos e autoridades religiosas. Da família real britânica só Sarah Ferguson, ex-mulher do Príncipe André e tia do noivo, não recebeu o convite, por ter sido apanhada o ano passado a negociar o acesso ao ex-marido com um jornalista a troco de 500 mil libras, qualquer coisa como 580 mil euros.
Persona non grata para a família real, sobretudo para a Rainha Isabel II, percebe-se o porquê do veto à ruiva duquesa de York. Já as suas filhas, Beatriz e Eugénia, assim como André, não ficaram de fora do extenso lote de convidados. David e Victoria Beckham, Elton John e o marido David Furnish, a cantora Joss Stone, o realizador Guy Ritchie e o actor Rowan Atkinson (o cómico Mr. Bean) estão entre os famosos convidados.
Para William, a maior ausência é a da sua mãe Diana. O anel de noivado que ofereceu a Kate e que pertenceu à Princesa do Povo foi a forma de se certificar que a mãe «estava presente neste momento», como disse no anúncio do noivado. Quanto ao futuro amoroso, espera que o destino lhe reserve um bem melhor.
O longo namoro com a mulher que conheceu na faculdade, o afastamento de Buckingham (irá viver com Kate para a ilha de Anglesey) e a aposta na retirada da sua Kate de tanta pressão mediática e protocolar (pediu já aos assessores da família real uma moratória de dois anos para os compromissos oficiais da mulher) são meio caminho andado para que este conto de fadas tenha um final mais risonho que o dos pais...
Pontualidade britânica
10h10 - O noivo e o seu padrinho, o príncipe Harry, saem da Clarence House rumo à abadia
10h20 - Horário a ser cumprido pelos membros das famílias reais estrangeiras, pela mãe da noiva e pelo irmão da futura princesa
10h45 - Todos os membros da família real inglesa têm que estar presentes na abadia
10h51 - A noiva, com o pai, sai do Hotel Goring, onde passou a sua última noite de solteira
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Tags: Casamento Real Britânico, Vida
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