Uma mãe e dois filhos menores, que moravam em Paredes, foram resgatados sem vida do rio Douro, ontem de manhã, pelos bombeiros , no Torrão, Marco de Canaveses. Segundo apurámos, a mulher, de 36 anos, estava com os filhos (uma menina de nove anos e um menino de sete) dentro de um automóvel, às primeiras horas da madrugada de ontem, quando a viatura deslizou por uma rampa e mergulhou na água, causando a morte dos ocupantes. Há fortes suspeitas de que a mulher decidiu pôr termo à vida dela e à dos filhos, sendo que a filha faria amanhã dez anos.
Maria do Rosário vivia sozinha com os filhos (Catarina e António), num apartamento, junto ao campo de futebol de Paredes. A mulher atravessaria uma conturbada fase emocional, resultante de um processo de separação do companheiro com quem viveu.
Actualmente, Maria do Rosário estava a trabalhar na "Ortopedia Alfeirão" de Paredes. Pessoas que conheciam a família garantiram, ao JN, que a mulher trabalhava normalmente, sem dar sinais de depressão.
No entanto, durante o fim-de-semana, Rosário enviou uma mensagem, por telemóvel, à patroa, informando-a de que não poderia ir trabalhar anteontem. Um dia antes, no domingo, almoçou com os filhos em casa dos pais, na freguesia de Gondalães, sem que nada fizesse perceber em que estado emocional estaria.
"Estiveram os três aqui em casa, almoçaram todos e as crianças estavam bem. Ninguém imaginava tal coisa", recordaram, ao JN, os pais, José Almeida e Maria Justina Durães.
Nada faria supor, então, o que se passaria na madrugada de ontem. Por razões desconhecidas, anteontem à noite, Maria Rosário terá tirado os filhos da cama e, ainda vestidos de pijama, levou-os num Renault Clio até Entre-os-Rios, percorrendo uma distância de cerca de 25 quilómetros. Atravessou a ponte Duarte Pacheco e estacionou o carro no largo da "praia do Torrão", já em Marco de Canaveses, onde terá permanecido, pelo menos, uma hora e um quarto antes da tragédia, segundo testemunhas ouvidas pelo JN. O automóvel ficou estacionado numa rampa de acesso, voltado para o rio.
Um casal de namorados,Elisabete e Bruno, que testemunhou o caso, confirmou, ao JN, que quando chegou à zona, cerca da uma hora, viu o carro com as luzes de presença acesas e pensaram tratar-se de um outro casal de namorados. Afastaram-se poucos metros.
Só por volta das 2.05 horas é que os namorados repararam que o carro deslizara, com o motor desligado, e caíra no rio. O casal saiu do automóvel onde se encontrava e Bruno Sousa, 24 anos, pegou no telemóvel, accionando o pedido de socorro para o 112, às 2.11 horas. Enquanto isso, a namorada, Elisabete Loureiro, 23 anos, queria a todo o custo mergulhar para salvar uma das crianças que gritava por socorro enquanto o Renault Clio submergia.
Fonte: Jornal de Notícias