Crianças desaparecidas: PJ recebeu 214 casos no primeiro trimeste deste ano
28 de Maio de 2008, 15:43
Porto, 28 Mai (Lusa) - A Polícia Judiciária (PJ) recebeu, no primeiro trimestre deste ano, na Directoria do Porto e Braga um total de 214 casos de desaparecimento de crianças, idosos e adultos com anomalia psíquica.
Destes, apenas três ainda não apareceram.
Estes dados foram hoje apresentados num seminário, no Porto, pela Coordenadora de Investigação Criminal da PJ, Damiana Neves.
Os três casos que ainda se mantêm desaparecidos são crianças que, de acordo com as informações recolhidas pela PJ, foram levadas por um dos pais a quem não foi atribuído o poder paternal na sequência de um divórcio.
Na mesma directoria, em 2007, foi comunicado um total de 819 casos de pessoas desaparecidas, das quais a quase totalidade já foi encontrada.
Entre os desaparecidos estão ainda oito crianças com menos de 11 anos e quatro idosos com dificuldades mentais devido à doença de Alzheimer.
No caso das crianças, o motivo está também relacionado com a regulação do poder paternal.
"São situações em que sabe quem os levou mas não foram localizados", acrescentou.
De acordo com a responsável, uma das alturas em que são comunicadas mais situações de jovens desaparecidos é no final de cada período lectivo, quando são afixadas as pautas com a avaliação dos alunos.
"Com medo da reacção dos pais, muitos jovens, menores de 16 anos, desaparecem durante algumas horas ou por um dia ou dois", referiu.
Damiana Neves defendeu a necessidade de criar um ficheiro nacional de pessoas desaparecidas à semelhança de outros países europeus.
A responsável disse que existe um ficheiro em Portugal mas não está actualizado.
"Está a ser feito um esforço para sensibilizar o Ministério da Justiça para criar um ficheiro mais completo de pessoas desaparecidas", acrescentou.
A Coordenadora de Investigação Criminal da PJ do Porto alertou ainda para a necessidade dos familiares comunicarem o desaparecimento de uma pessoa logo que ele seja detectado.
"É completamente errada a ideia de que a policia só inicia a investigação após 48 horas do desaparecimento. Quanto mais cedo se iniciar a procura mais possibilidades existem de encontrar a pessoa", frisou.
Damiana Neves falava num seminário sobre "Desaparecimento de Crianças - um mal maior", organizado pela Junta de Freguesia da Paranhos, Porto.
PM.
Lusa/fim
Fonte: Sapo.pt