Criança presenciou o pai matar mãe à facada
02h00m
Susana Otão
Um homem, de 46 anos, esfaqueou até à morte, na Rinchoa (Sintra), a mulher, de 41, defronte do filho menor. A vítima tinha pedido o divórcio há cerca de um mês, mas o marido não aceitou e acabou por matá-la.
Gonçalo, de apenas 10 anos de idade, assistiu à morte da mãe, infligida pelo próprio pai que, com uma faca, a golpeou várias vezes no tórax, nas costas e no peito. A criança apercebeu-se da violência da discussão entre os progenitores e os gritos da mãe levaram-no a chamar o irmão mais velho, que dormia num dos quartos do 6º direito, do nº 28 da Rua Casal da Serra, na Rinchoa. Quando chegaram à cozinha, era tarde demais e a mãe já se encontrava ensanguentada no chão. As tentativas de reanimação realizadas pelo INEM revelaram-se infrutíferas e o homicida acabou por ser detido pouco depois, ainda em casa, sem qualquer resistência. Foi ouvido no tribunal de Sintra e ficou em prisão preventiva. O menor foi de imediato acompanhado por uma equipa de psicólogos e, por agora, ficará a cargo do irmão mais velho e de um tio. Ontem, o dia era de pesar na casa da família Leitão e, no prédio onde viviam, os vizinhos não escondiam a consternação. Ao JN, o irmão da vítima, Albino Alves, lamentou a atitude do cunhado, que já havia sido operado três vezes devido a um tumor. "Não lhe tenho raiva. Sofro, porque não vou voltar a ver a minha irmã e os meus sobrinhos ficam sem mãe", disse Albino Alves, entre lágrimas. O irmão da vítima confidenciou que a sua irmã tinha pedido o divórcio ao marido, mas que ele não tinha aceite bem a ideia. "Ela queria o divórcio porque ele bebia muito e ela estava infeliz. Já há muito tempo que discutiam e ontem ele voltou a beber e depois de outra discussão aconteceu aquilo", relatou, para deixar um apelo: "Espero que todas as mulheres vejam este exemplo. Quando pensarem em pedir o divórcio aos seus maridos aconselho-as a saírem logo de casa sob pena de virem a ser mortas como a minha irmã". O filho mais velho do casal, Ruben, de 20 anos preferiu não falar ao JN. Visivelmente agastado, tentava arrumar a casa, ainda com marcas da ocorrência do crime, e tentava organizar o lar para ele e os irmãos menores. "Calma", apelavam os vizinhos que ia tocando à sua porta para o reconfortar. Ruben acenava em jeito de agradecimento mas muito triste. Lilia Marcinschi vive há dois anos no apartamento do lado. Abalada, disse apenas que o homicida "era uma pessoa normal, apesar de beber muito". Quanto à vítima, emoção no lamento: "Era uma boa mãe".
FONTE:Jornal Noticias