Neurologista lamenta falta de apoio psicológico
Refém do assalto ao BES critica condições de segurança dos bancos
12.08.2008 - 19h15 Bárbara Wong
Face ao aumento dos assaltos violentos a bancos, uma das reféns no assalto de quinta-feira à agência do Banco Espírito Santo (BES), em Lisboa, questiona as condições de segurança destas instituições. Teresa Paiva, professora universitária e neurologista foi uma dos quatro reféns resgatada pela PSP, pouco depois do assalto ter começado.
“A situação da precariedade em termos de segurança de um local, onde, por definição, se guarda dinheiro, e onde pomos o nosso próprio dinheiro, põe em risco a integridade psicológica e física dos funcionários e dos clientes bancários, o que contradiz em absoluto a imagem de segurança que os bancos pretendem transmitir”, escreve Teresa Paiva, em carta ao PÚBLICO.
A médica especialista em problemas do sono, com consultório em Campolide, lembra que o alerta foi dado por uma cliente que se encontrava no Multibanco e não por qualquer alarme da agência. Teresa Paiva questiona: “Quem é responsável pela minha segurança, se vou ao banco fazer, por exemplo, um depósito, já que nem tudo se pode fazer por 'e-banking’?”
“Fala-se muito sobre a actuação da polícia mas não se discute o papel do banco”, avalia. Por isso, considera importante discutir “as condições reais de segurança, de modo a ter em conta não só os custos económicos, tão na moda hoje em dia, mas também os custos humanos e individuais, que não se medem só com cifrões”.
A médica lamenta que, depois do assalto, ainda não tenha sido contactada pelo BES e defende o apoio psicológico para todos os reféns, confessando que se sente “frágil”, “apesar de ser médica e de conhecer estratégias para ultrapassar situações traumáticas”. Por outro lado, elogia a atitude que a Polícia Judiciária (PJ) teve durante o interrogatório e a “gentileza” de, no dia seguinte, ter entregue, em sua casa, a mala com os seus objectos pessoais.
Paulo Padrão, assessor do BES considera que “ninguém pode questionar a segurança do banco” e justifica que a instituição não tem como saber quem eram os reféns porque os seus nomes estão em segredo de justiça. No entanto, o BES vai disponibilizar apoio médico e psicológico a todosos reféns.
Teresa Paiva conta que os quatro clientes sairam porque um dos assaltantes se encontrava na caixa forte com a gerente e o outro decidiu apontar a arma ao subgerente, deixando-os sair com a PSP. O assalto terminou, às 23h23, com a libertação dos dois reféns, a morte de um dos assaltantes e o outro gravemente ferido. Este, continua internado, “em situação estável, mantendo-se sedado e ventilado”, informa o Hospital de S. José, em Lisboa. O corpo do outro assaltante já foi reclamado pela família.
In publico.clix.pt