José Sócrates pediu, esta segunda-feira, em entrevista à SIC, a maioria absoluta para o Partido Socialista nas eleições legislativas que terão lugar no último trimestre de 2009, por considerar que é importante para Portugal, tendo em conta as «actuais circunstâncias», ter «estabilidade» política e governativa.
Na primeira entrevista que deu em 2009, o primeiro-ministro também constatou que Portugal, à semelhança de países como a Rússia, Estados Unidos, Japão e Alemanha, não vai escapar à maré da recessão. «Tudo aponta para um cenário cada vez mais provável de entrarmos em recessão. Não escaparemos a isso», disse.
Questionado sobre as previsões de recessão do Banco de Portugal, o primeiro-ministro afirmou que a recessão se conclui com «os resultados» de um período e não com «previsões».
Tendo em conta este cenário, José Sócrates admitiu que o Governo vai ter de rever as previsões com que construiu o Orçamento de Estado para este ano.
O primeiro-ministro indicou que as novas previsões do Governo serão apresentadas «na próxima semana», quando for entregue a revisão do Programa de Estabilidade e Crescimento.
«Acho que nós devemos rever as nossas previsões quer quanto ao desemprego, quer em relação à economia», disse ainda o Chefe do Governo, na entrevista onde admitiu que a taxa de desemprego em 2009 fique acima da taxa prevista para o ano passado.
Em ano de crise, o primeiro-ministro insistiu na apologia do investimento público, chamando a atenção que tal investimento vai «criar emprego». «Seria moralmente muito negativo não fazer esses investimentos agora porque, depois de os fazer, a economia ficará mais competitiva», concluiu.
José Sócrates criticou também a «demagogia» nos comentários ao plano de garantias para revitalizar o sistema bancário e garantiu que os depósitos dos portugueses estão seguros.
O socialista elogiou ainda o papel «histórico» desempenhado por Manuel Alegre no PS, apesar de rejeitar a perspectiva de o Partido Socialista ser «da esquerda retórica».
Entretanto, num comentário a esta entrevista, o sub-director do Diário Económico, Bruno Proença, destacou o facto de o primeiro-ministro ter assumido que Portugal deverá entrar em recessão este ano.