Os números assustadores do desemprego e as altas médias de entrada na Universidade estão a levar muitas jovens a equacionar uma carreira nas Forças Armadas. Cada vez são mais as mulheres a dar cartas neste mundo.
Ontem, em mais um Dia da Defesa Nacional, cerca de 150 jovens compareceram na base aérea de Maceda, em Ovar, entre os quais quase 90 do sexo feminino, interessados em saber mais sobre a vida militar. Até quinta-feira irão passar por Ovar cerca de 300 raparigas e, ontem, muitas delas deixaram antever preocupações quanto ao futuro que, julgam até, poder ser assegurando ao serviço das Forças Armadas portuguesas, uma vez reconhecerem que é um caminho atractivo para estudar e depois iniciar a vida profissional.
Num mundo tradicionalmente dominado por homens, as mulheres têm vindo, desde a década de 90, a dar cartas nas três forças. Tanto que, actualmente, dos 41 mil militares das forças armadas nacionais, 13, 3% são do sexo feminino, sendo a Força Aérea a que tem atraído mais mulheres (17%).
Baptismo de voo foi ponto alto
Normalmente considerado pela maioria dos jovens como um dia "para esquecer", ontem, pelo contrário, o entusiasmo esteve em alta, sobretudo entre o sexo feminino. As jovens mulheres foram convidadas a participar na iniciativa, que conta já com quatro anos. Porém, a partir do próximo ano a actividade passará a ter carácter obrigatório. Os jovens, todos com idades entre os 17 e os 18 anos, puderam assistir a exibições áreas e ainda a uma simulação de salvamento com um helicóptero. "Que querido" e "que fofinho" foram os comentários na apresentação das equipas cinotécnicas. Dirigidas aos cães, como é evidente.
O momento alto do dia foi o baptismo de voo a que todos tiveram direito e que foi levado a cabo pela primeira vez na história do Dia da Defesa Nacional. Nem mais nem menos do que uma viagem num C130. Uma viagem de apenas 20 minutos, repletos de emoções e alguns sustos a cada som desconhecido. O C130, que já voou o equivalente a quatro idas e voltas à Lua, nunca assistiu, com certeza, a tanta algazarra, com todos em pé, empoleirados nas lonas, para fotografar cada minuto.
Os jovens assistiram ainda a uma palestra sobre as oportunidades de carreira caso ingressem nas Forças Armadas. E a resposta não podia ter sido mais positiva. "Sinceramente, já tinha pensado nisso, sobretudo porque quero seguir Direito e vejo que é muito mais fácil entrar na Academia Militar do que na faculdade. E depois começamos logo a ganhar, o que é bom, claro", resumiu Gabriela Vale, de 17 anos.