As famílias vão menos vezes às compras, mas levam maiores quantidades. Os produtos básicos são preferidos aos sofisticados e as marcas brancas já enchem um terço do carrinho. É o que diz o estudo da TNS Worldpanel divulgado esta segunda-feira.
Os portugueses estão a cortar nas idas aos centros comerciais e nas refeições fora de casa, seja em restaurantes ou nas cadeias multinacionais de "fast-food". O último trimestre de 2009 revela mesmo ter havido uma quebra acentuada nas visitas aos shoppings: em Março, menos 7,5% do que nesse mês de 2008.
Os dados da TNS Worldpanel foram ontem apresentados em conferência de Imprensa, na Feira Alimentaria 2009, a decorrer em Lisboa, e indicam que as famílias estão "à defesa" perante a crise e as previsões para este ano.
"Denota-se alguma contenção no número de idas às compras", explicou ao JN Paulo Caldeira, mas, em contrapartida, compram--se maiores quantidade, acrescentou o director de Comunicação.
Na verdade, registou-se um aumento de 3,9% na categoria do Grande Consumo - produtos alimentares, de higiene pessoal e de limpeza doméstica .
Este aumento da quantidade não se traduz em gastar mais na factura final, até porque a escolha recai em produtos básicos - como leite, legumes, cereais, batatas - principalmente congelados (ver gráfico ao lado).
Neste pacote da alimentação congelada registou-se também uma subida na compra das refeições já confeccionadas.
Invertida no início deste ano foi a tendência verificada em 2008, de redução nas despesas com os produtos de limpeza doméstica e de higiene pessoal. Uma consequência, justificou Paulo Caldeira, ao JN, da subida vertiginosa, no último Verão, nos preços de bens essenciais, devido à escalada no preço dos combustíveis, que levou as famílias a comprar menos produtos higiénicos e de desinfecção da casa, em prol dos alimentos diários.
O consumo das marcas brancas também disparou e representam já um terço (32%) do recheio total do carrinho das compras. E não existem apenas nas grandes superfícies que os fabricam, uma vez que a sua presença foi detectada em 99% das lojas.
Além disso, o estudo realça que a escolha destes produtos de marca branca está cada vez menos dependente dos descontos que costumam ter.
Acompanhando a tendência da procura do preço mais baixo, os portugueses estão a deslocar-se cada vez mais aos hipermercados com estações de combustível para abastecer o automóvel.
O consumo de gasolina e gasóleo nas bombas dos hipermercados é igualmente de um terço.
O estudo realizado mostra ainda ser cada vez mais esmagadora a hegemonia das grandes superfícies sobre o comércio tradicional. Estes estabelecimentos - talhos, peixarias, mercados, mercearias, charcutarias, frutarias e mini-mercados - só representam 8% do valor total.
E do universo auscultado, este tipo de loja apenas significa 10% do total das visitas para compras.
Comprovado foi que os consumidores compram cada vez menos produtos frescos no pequeno comércio de bairro e preferem adquiri-los nos super e hipermercados, em que "Continente" e "Pingo Doce" foram os que detiveram a maior quota de mercado.