Idosa atropelada sem dinheiro para se tratarpor ROBERTO DORES,em Setúbal Hoje
Maria Alice, 76 anos, teve alta esta semana do hospital após acidente em que o marido morreu atropelado por composição do Metro Sul do Tejo.
Maria Alice Figueiredo, 76 anos, teve alta quarta-feira do Hospital Garcia de Orta, onde esteve internada desde o dia 8 de Julho, após ter sido vítima de um atropelamento pelo Metro Sul do Tejo (MST), num trágico acidente em Corroios (Seixal), do qual resultou a morte do marido, António Figueiredo. Depois de três operações e de acompanhamento psicológico, a idosa, que esteve várias vezes às portas da morte, ainda não consegue pôr-se de pé. Necessitava agora, segundo os médicos, de ser internada numa clínica de reabilitação. Mas sem recursos para pagar as sessões de fisioterapia, a família aguardava que a Metro Transportes do Sul assumisse responsabilidades pela ocorrência. Só que a concessionária refuta as culpas.
A filha Celeste Teixeira alerta que como se tratou de um acidente que envolveu terceiros é preciso disponibilizar um seguro para que Serviço Nacional de Saúde possa ser accionado, após a idosa ter saído do hospital. "Se a empresa não disponibiliza o seguro a assistência não pode ser viabilizada e a minha mãe necessita desse tratamento, como demonstram os relatórios médicos", sublinha, revelando o caso está em tribunal, entregue ao advogado Paulo Cunha.
Enquanto não houver uma decisão, todos os dias os bombeiros terão de ir buscar a Maria Alice à casa de Celeste, com a família a suportar o custo do transporte até ao hospital de Almada. A concessionária limita-se a responder que, sobre este caso em concreto, "já deu cumprimento às suas obrigações de informação, quer legais, quer contratuais".
Ontem, Celeste Teixeira assumia o desespero, justificando que teve acolher a mãe em sua casa, porque a idosa não tem condições de ficar sozinha. "Não se consegue levantar, nem para ir à casa de banho. Até está a recuperar bem das operações ao pulmão, ao externo e às seis costelas, mas as limitações físicas só vão melhorar com a fisioterapia", explica Celeste, que já inscreveu a mãe na Segurança Social, mas recebeu a resposta de que, no mínimo, Maria Alice terá de esperar dois meses até ter vaga.
O casal de idosos foi colhido pela composição do MST, quando se dirigia para a paragem do autocarro de Corroios, numa zona muito estreita, com um passeio de 60 centímetros, onde não existe passadeira. A PSP admitiu na altura que os idosos não cometeram qualquer transgressão
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