A Prisa negou hoje, sexta-feira, qualquer interferência na polémica decisão tomada pela TVI de suspender o Jornal Nacional de sexta-feira, insistindo que se tratou de uma decisão da equipa de direcção em Lisboa.
"Foi uma decisão que se insere no âmbito da gestão da direcção da cadeia (de televisão) e com o envolvimento da Direcção Geral da Media Capital", afirmou à Lusa fonte oficial da Prisa.
"Quando se coloca à frente de uma empresa uma equipa de direcção temos que respeitar a sua decisão. E isso é tudo", sublinhou.
A mesma fonte rejeitou ainda notícias de que o próprio Conselheiro Delegado da Prisa, Juan Luis Cebrián, se tenha envolvido directamente no caso, insistindo que a Prisa "respeita a independência de gestão" de todas as suas empresas.
"O Conselho Delegado tem o papel de marcar as directrizes gerais da empresa, definir por exemplo se vamos ou não reforçar a presença neste ou naquele país. Mas quando há uma empresa (Media Capital) que tem uma direcção-geral e um conselheiro delegado, são eles que gerem essa companhia", disse ainda.
Normalmente, frisou a fonte, decisões como estas na TVI são tomadas por cada equipa directiva, no local onde está, sem consultas prévias à sede em Madrid e porque a Prisa "confia nas equipas gestoras que tem em qualquer local".
"Naturalmente que depois, a nível interno, há uma cadeia de comunicação, mas as decisões não são tomadas com consultas prévias", frisou.
Seria impensável, insistiu a fonte, considerar que cada decisão que se toma pelas empresas do grupo Prisa tivesse que passar pelo crivo da sede em Madrid.
"A posição da Prisa é respeitar e confiar nas decisões das suas equipas de gestores, neste caso da TVI e da Media Capital", sublinhou.
"Cada uma das empresas tem a posição que tem e uma equipa de direcção que actua. A Media Capital tem demonstrado ter mantido uma gestão que se evidencia nas audiências", frisou.
Outras fontes da Prisa consultadas pela Lusa em Madrid manifestaram "surpresa" pela reacção em Portugal em torno à suspensão do jornal da TVI, considerando que é uma "decisão normal na gestão do dia-a-dia da empresa".
Frisando "total independência de gestão" da Media Capital e da equipa directiva da TVI, responsáveis da Prisa insistem que no caso de Portugal "o que não está partido não é preciso compor".
Em Julho de 2005 a Prisa, o maior grupo de comunicação social espanhol, que detém o El País, a rádio cadena SER e o canal de televisão Cuatro, tornou-se o accionista principal da portuguesa Media Capital, entrando deste modo na TVI.
Em Outubro de 2006, a Prisa lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a totalidade das acções representativas do capital social da Media Capital, passando a controlar o grupo.
Rangel satisfeito
Emídio Rangel garantiu esta sexta-feira, à TSF, não ter recebido qualquer convite para ocupar um lugar na administração ou na direcção da TVI. Mas, o antigo director da RTP e da SIC diz que o afastamento de Manuela Moura Guedes "pode ser visto por muitos ângulos" e criticou a reacção aos partidos políticos da oposição.
Emídio Rangel disse que os partidos da oposição "produzem declarações sem cuidado de saber a quem cabia a decisão de acabar com o Jornal Nacional de sexta-feira. Vivem bem neste esquema de intriga, depois veio a provar-se que não havia nenhuma ligação ao PS e a Sócrates», adianta.
Segundo a TSF, Rangel elogiou também a Prisa, detentora da TVI, por acabar com o Jornal Nacional, um "espaço que envergonha jornalistas".
Esta sexta-feira, o Correio da Manhã afirma que a TVI pretende Emídio Rangel.
JN