A vacina da gripe A vai ser distribuída gratuitamente e administrada nos serviços de saúde, segundo consta da proposta ontem, quarta-feira, entregue à ministra da Saúde pelo Director Geral de Saúde, Francisco George.
O Ministério da Saúde não quis ainda divulgar o conteúdo das propostas feitas pela Direcção Geral de Saúde, mas o JN sabe que a vacinação vai ficar a cargo das unidades de saúde públicas, sendo fornecida gratuitamente aos grupos prioritários já identificados. As vacinas começam a chegar dia 12, faseadamente, e serão administradas em Novembro.
Os profissionais de saúde, as grávidas e as crianças ocupam os primeiros lugares desse ranking, em que aparecem em último lugar os maiores de 65 anos, por se ter já comprovado que são menos sensíveis ao H1N1. As empresas vitais para o funcionamento da sociedade estão também incluídas (ver texto ao na página seguinte).
A ministra da Saúde, Ana Jorge, anunciou, ontem, à margem de um congresso Nacional de Emergência Médica, que trabalhadores de empresas de fornecimento de água, luz e comunicações estarão abrangidas. Mas haverá também micro-empresas contempladas, segundo disse Francisco George, anteontem, numa reunião com a Associação Industrial Portuguesa (AIP).
Em cada grupo seleccionado haverá uma escala de prioridades. Por exemplo, nos profissionais de saúde, aqueles que trabalham nos cuidados intensivos serão dos primeiros a ser vacinados.
As vacinas começam a chegar a Portugal dia 12 de Outubro , em entregas faseadas. Portugal encomendou 6 milhões de doses o que, tendo em conta a necessidade de aplicar duas doses a cada pessoa, abrangeria três milhões de pessoas. A partir do momento em que se verificou não serem necessárias as duas doses para determinados casos, é possível que possam vir a ser vacinadas mais pessoas do que as inicialmente previstas, de acordo ainda com o que disse Francisco George nessa reunião com a AIP.
Entretanto, decorre a vacinação contra a gripe sazonal. Este ano, a campanha de vacinação foi iniciada a 15 de Setembro (normalmente começa em Outubro) e cerca de 30% da população considerada de risco já foi vacinada. O vacinómetro promovido pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), pela Associação de Médicos de Clínica Geral e apoiado pelo laboratório Sanofi Pasteur vai acompanhar a evolução da vacinaçãodurante esta época e pretende chegar ao fim com 75% da população com mais de 65 anos vacinada, tal como propõe a meta lançada pela Organização Mundial de Saúde.
Na origem desta "corrida" à vacinação poderá estar o "mediatismo" provocado pela gripe A, mas, conforme disse Filipe Froes, da SPP, há que "apanhar o balanço". Das pessoas já vacinadas, 30% têm mais de 65 anos, 21% são portadores de doenças crónicas e 16% têm profissões de risco, como na área da saúde, por exemplo.
No ano passado a percentagem de pessoas com mais de 65 anos não chegou aos 54%.
O vacinómetro vai registar estes dados semanalmente, em Outubro; e quinzenalmente em Novembro e Dezembro.
Filipe Froes defendeu que o ideal era vacinar um maior número de pessoas, mas lembrou que, anualmente, em todo o mundo, só são fabricados 500 milhões de doses e há que racioná-las e distribuí-las por quem mais precisa. Portugal importa 1, 5 milhões, sendo igualmente obrigado a uma utilização "criteriosa".
A vacina, segundo explicou, é fabricada a partir de ovos de aves e nem sempre é fácil encontrar a quantidade necessária para produzir mais doses. Conforme explicou ainda o médico, estão a substituir-se os ovos por células, o que talvez venha a permitir um aumento da produção e, consequentemente, do número de pessoas a ter acesso à vacina.
JN