09 Abril 2010 - 00h30
Brasil: Desmoronamentos de terras em Niterói deixaram 200 pessoas soterradas14 mil desalojados no Rio (COM VÍDEO) Uma nova tragédia, a segunda em dois dias consecutivos na área metropolitana do Rio de Janeiro, poderá ter morto ontem 200 pessoas no Morro do Bumba, em Niterói, que desabou durante a noite, soterrando dezenas de habitações. Antes desta nova catástrofe, o número de mortes resultantes da tempestade que atingiu terça-feira a região metropolitana do Rio de Janeiro já era de 161 e havia cerca de 60 desaparecidos. O número de desalojados já vai em 14 mil.
A destruição no Morro do Bumba foi quase total. Milhares de toneladas de lama, pedras e terra, misturadas a outras tantas de lixo que exalava um odor fétido e espumava, soterraram cerca de 70 casas erguidas ao longo dos anos por famílias pobres no local, que até há duas décadas funcionava como aterro sanitário do município. Escavando a terra e o lixo com as próprias mãos, populares em desespero conseguiram tirar dos escombros alguns adultos e crianças antes da chegada dos bombeiros. Até ontem à tarde, tinham sido resgatadas com vida 51 pessoas mas, de acordo com a Protecção Civil, outras 200 estavam sob os destroços.
Na noite anterior, quando a área metropolitana do Rio de Janeiro fora devastada por uma violenta tempestade, o Morro do Bumba também havia sido parcialmente atingido e cinco pessoas morreram soterradas. Embora alguns habitantes tivessem decidido ficar nas suas casas, outros, em pânico, juntaram-se numa pizaria, na parte de baixo da encosta e levaram dezenas de crianças para uma creche ao lado, onde acreditavam que estariam mais protegidas, mas os dois locais ficaram soterrados.
Em toda a região do Rio, o número de desalojados já chega a 14 mil e o governo municipal prometeu retirar as famílias em risco. Vários bairros do Rio e outras cidades atingidas pelo mau tempo ainda estão sem energia e com ruas bloqueadas por crateras que se abriram na via ou por destroços. O governo federal anunciou financiamentos para as áreas atingidas e o envio de ambulâncias e kits de medicamentos.
PAES ANUNCIA OBRAS DE EMERGÊNCIA
O presidente da Câmara do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou ontem o início de obras de drenagem e reforço de encostas avaliadas em 100 milhões de reais (42,2 milhões de euros), segundo o ‘Globo’. Trata--se de obras de emergência na sequência dos temporais que assolaram o Rio de Janeiro nos últimos três dias. No total, serão efectuadas 38 intervenções em diversas áreas, incluindo o reforço das encostas de Serra da Grota Funda, Grajaú-Jacarepaguá e Avenida Niemeyer. As zonas onde estão previstas drenagens incluem Tijuca, Brás de Pina e o canal da Rocinha. O anúncio foi feito após uma reunião de Eduardo Paes com o ministro da Integração Nacional, João Reis Santana, e o governador do estado, Sérgio Cabral. A prefeitura sugeriu ainda investimentos de 370 milhões de reais (156 milhões de euros) para reparar os estragos causados pelo mau tempo.
Paes anunciou também que acelerará a retirada de famílias de áreas de alto risco, designadamente do Morro dos Prazeres, onde na terça-feira morreram 23 pessoas.
EDMO FICOU SOTERRADO
No desespero ao ver a sua casa, no Morro do Bumba, parcialmente destruída, Edmo Lopes entrou na habitação para tentar salvar documentos e roupas. Um novo deslizamento, porém, arrastou-o encosta abaixo e soterrou-o. Depois de 40 minutos debaixo dos escombros, ele foi resgatado, ferido.
MARCOS NÃO ESCAPOU
Marcos Vieira, de oito ano, escapou da morte na casa dos pais, no Morro dos Prazeres, atingida por um deslizamento de terras. Assustado, procurou refúgio na casa de uma tia, no mesmo bairro. Meia hora depois, um segundo desabamento de terras soterrou a casa, matando Marcos.
CASAL FICOU NO TÚNEL POR MEDO
Paulo Lima, de 32 anos, e a mulher, Carla Fonseca, de 25 anos, passaram quinze horas dentro do carro, bloqueado, tal como muitos outros, dentro do Túnel Rebouças, no Rio de Janeiro. Com a água a subir, pensaram em deixar o carro, mas desistiram, com medo que lhes roubassem a viatura.
AVÓ PERDEU TRÊS NETAS
Dona Doca, uma reformada de 65 anos que morava no Morro do Beltrão, está inconsolável com a morte das três netas. As meninas, entre os oito e os doze anos, dormiam num quarto e Dona Doca noutro. Quando o morro deslizou, o quarto das meninas foi arrastado pela encosta.
APONTAMENTOS
BOATO CAUSA PÂNICO
Em Niterói o boato de que um grupo de criminosos estava a levar a cabo um arrastão no centro da cidade causou pânico. Comerciantes fecharam lojas, incluindo os de um grande centro comercial. A polícia não confirmou o arrastão.
ONDAS GIGANTES
Meteorologistas alertaram que no início da noite de ontem e madrugada de hoje poderiam formar-se ondas de até cinco metros no litoral do Rio de Janeiro, uma outra consequência das intensas chuvadas e ventos fortes.
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mais uma tragédia!