Até 2020, os hospitais devem reduzir em 25% os episódios de urgência. São as projecções do primeiro estudo do Reordenamento Hospitalar da Área Metropolitana que, no final, deverá sugerir encerramentos e aberturas de serviços.
O plano de reordenamento da rede hospitalar divide-se em quatro estudos. Por ora, só o primeiro - que caracteriza as necessidades actuais e futuras de cuidados hospitalares - será conhecido. O último baseia-se nos dados recolhidos nos três primeiros e apresentará sugestões que deverão apontar para o aumento, a redução ou mesmo fecho de alguns serviços ou até hospitais da Área Metropolitana que, no caso, inclui concelhos do Grande Porto, de Entre Douro e Vouga e do Tâmega.
"As sugestões serão ao nível de especialidades e de instituições. Podem até passar pela criação de novas unidades hospitalares", afirma Fernando Araújo, vice-presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte sem querer levantar o véu antes do tempo. Para já, a atenção deve centrar-se na procura dos cuidados hospitalares, agora e no futuro. E as projecções para 2020, feitas com base na realidade dos últimos anos, já permitem perceber o que terá de mudar.
Se, como se projecta, os episódios de urgência diminuírem 25%, então as consultas externas terão de aumentar substancialmente. "O estudo um, baseado na realidade nacional e internacional, indica que as urgências vão diminuir cerca de um quarto e que as consultas externas têm de crescer muito mais para dar resposta", sublinha Fernando Aráujo.
O mesmo estudo da ARS/Norte revela que "a Área Metropolitana do Porto apresenta um baixo rácio de consultas externas por mil habitantes". Em 2007, esse rácio era de 1174 consultas por mil habitantes. A meta são os valores dos países mais desenvolvidos que realizam entre 1300 a 1500 consultas por mil habitantes.
Estima-se que, em 2020, as necessidades de consultas externas na Área Metropolitana do Porto atinjam os 3,5 milhões, mais 39% do que as realizadas em 2007. E como se responde a este aumento? "Percebendo, com estes estudos, se temos os consultórios suficientes, se temos os médicos nos sítios certos. Se não, há que criá-los, mexer nas infraestruturas, nos recursos humanos e na gestão e organização do sistema", responde Fernando Araújo.
A chave para a redução dos episódios de urgência está nos cuidados primários. "Se tivermos médicos de família para nos atenderem e consultas de especialidade em tempo útil, as pessoas deixam de ir à urgência", garante.
Dentro de 11 anos, prevê-se também um aumento do número de cirurgias na ordem dos 5%, com a cirurgia de ambulatório a desempenhar um papel crucial (mais 107% do que em 2007). Com o crescimento das cirurgias rápidas e programadas, verificar-se-á uma redução dos internamentos de cerca de 7%, o que terá como consequência uma diminuição da necessidade de camas.
O estudo aborda ainda a movimentação dos pacientes, deixando perceber que as unidades hospitalares do Grande Porto captam uma fatia significativa de utentes das regiões do Tâmega e de Entre Douro e Vouga. Um cenário a alterar, como explica Fernando Araújo, porque o futuro é retirar dos hospitais centrais os doentes com patologias mais simples e tratá-los nas unidades mais próximas do local de residência.