Mãe de Martim obrigada a parar greve de fome
A Comissão de Protecção de Menores de Cascais reuniu-se hoje de manhã com a mãe adolescente de uma criança que a Justiça decidiu dar para adopção para impedi-la de continuar com a greve de fome.
Ao terceiro dia de greve de fome e terceira noite passada em frente ao Tribunal de Cascais, Ana Rita Leonardo, de 15 anos, fez-se acompanhar pelos pais numa reunião proposta pela Comissão de Menores para discutir aquilo que pensava ser o caso do Martim.
No entanto, a jovem ficou surpreendida quando percebeu que o intuito da reunião não era ajudá-la no caso do filho, mas sim responsabilizar os pais pelo seu comportamento.
«Queriam que os meus pais assinassem um papel para se responsabilizarem sobre a minha greve de fome, mas os meus pais não assinaram», revelou Ana Rita.
Perante isto, e segundo declarações da jovem à Agência Lusa, a Comissão de Protecção de Menores de Cascais “ameaçou” os pais de Ana Rita de lhes retirar a filha e entregá-la a uma instituição, caso continuasse a fazer greve de fome.
«Já não bastava os problemas e preocupações que tenho com o meu filho, ainda me fazem uma coisa destas. É uma injustiça muito grande», reclamou.
Por agora, Ana Rita promete continuar com a greve de fome e com as noites à porta do tribunal, aguardando a decisão da advogada que está acompanhar o caso do Martim.
«Sinto-me com forças e enquanto a minha advogada não me der uma resposta, nada me vai impedir de continuar», concluiu.
Há três dias que a mãe de Martim está sem comer e dorme em frente ao Tribunal de Cascais, sempre acompanhada pela família e amigos, garantindo que no caso de ter de interromper a greve de fome a sua mãe irá assumir o sacrifício em nome da filha.
Contactada pela Lusa, a Comissão de Protecção de Menores de Cascais remeteu o caso para a Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco que, até ao momento, não se mostrou disponível para prestar declarações.
No dia 26 de Fevereiro de 2007 as assistentes sociais de Cascais levaram o Martim para a instituição Refúgio Aboim Ascensão, em Faro, alegando que a Ana Rita não teria condições para cuidar do filho.
Em Julho de 2007 foi tomada a primeira decisão judicial de que o Martim iria ser dado para adopção, na qual a família recorreu com sucesso, mas a 20 de Dezembro de 2008, na última visita de Ana Rita, o Martim terá ficado emocionalmente perturbado e as visitas foram canceladas.
Há seis meses que Ana Rita não vê o filho e não tem notícias dele. A 21 de Maio foi informada de que o filho seria dado para adopção.
Lusa/SOL