Alimentação Diversificada - dos 4 aos 12 meses
A natureza da alimentação disponível durante as fases do ciclo da vida nas quais se processa o crescimento e a maturação biológica assume grande importância para a saúde e bem-estar das crianças e para a dos adolescentes e adultos que eles virão a ser.
Assim, pretende-se seguindo uma alimentação saudável:
1) Possibilitar o desenvolvimento máximo consentido pelas características genéticas: cerebral, ósseo, etc.
2) Incrementar a capacidade de resposta imune para reduzir a susceptibilidade a doenças infecciosas e outras.
3) Beneficiar a capacidade mental, favorecer a atenção e contribuir para aptidões escolares e diferenciação profissional.
4) Impedir o arranque de doenças metabólicas degenerativas e outras.
5) Educar para uma alimentação saudável ao longo da vida.
Em termos práticos, a introdução de novos alimentos deve ser preferencialmente como se indica no seguinte quadro:
Idade de introdução
C/ leite artificial----------- C/ leite materno--------- Alimento/os
4 meses--------------------- 6 meses----------------- Papa láctea
5 meses--------------------- 7 meses -----------------Fruta
6 meses--------------------- 8 meses----------------- Sopa de legumes e hortaliça Carne e peixe
7 meses--------------------- 9 meses -----------------Iogurte natural
Iogurte c/ fruta
8 meses-------------------- 10 meses----------------- Leguminosas
9 meses------------------------------------------------- Ovo e sumos
10 meses ---------------------------------------------- Leite de vaca (UHT)
A diversificação alimentar deve ser feita de forma gradual para respeitar a maturação do organismo da criança.
A introdução de cada novo alimento deve ser vigiada para despiste de possíveis alergias. Deve durar aproximadamente 3 dias.
Convém não esquecer que a criança deve dar aos dentes mesmo antes de os ter. Puré e papas são necessários em momentos de atribulações com dentição, mas prejudicam o desenvolvimento da mandíbula e das maxilas, o alargamento do pavimento oral, a implantação disciplinada de dentes da primeira e segunda dentições. " É preciso roer e trincar."
Os alimentos que dão resistência e saúde, fazem crescer e estimulam atenção e vivacidade são o leite e seus substitutos, hortaliças e legumes, frutos e cereais grosseiros. Açúcar e sal nem vê-los (os adultos que acompanhem que só lhes faz bem). Água e água com limão, muita, toda a que queira - viva a água.
As crianças que comem numa instituição, em companhia de outras, ganham em relacionamento social e aprendizagem e beneficiam em contactar com estilos culinários diferentes, desde que racionais. Contactar com uma gama diferente de sabores, odores e alimentos é um estimulo para gostarem de variar; ajuda as crianças a não rejeitarem nada.
Dos 0 aos 4 meses (alimentação somente láctea)
" aleitamento materno se possível;
" quando leite materno não satisfaz as necessidades da criança, não se abandona este mas dá-se um complemento de leite artificial adaptado;
" não há leite materno, em substituição dá-se leite adaptado.
Aos 4 meses (introdução das papas)
" papa láctea, feita com água se a mãe amamenta;
" papa não láctea, feita com leite industrial, se a mãe não amamenta.
" Excepções: Criança de baixo peso - a papa pode ser introduzida antes dos 4 meses.
Criança obesa - a papa é substituída por caldo de legumes.
" Qualquer papa tem que ser sem glutén, até aos 6 meses. São permitidas as farinhas de milho e de arroz.
" A papa deve ser dada à colher, para habituar a criança a deglutir.
Aos 5 meses ( introdução da fruta)
" A fruta deve ser dada primeiramente cozida, depois crua madura e ralada, aumentando assim o teor em vitaminas e fibras gradualmente;
" Inicialmente: maçã, pêra, banana ( retirando o fio interior castanho);
" Um tipo de fruta semanalmente e mais tarde mistura de vários tipos;
" Sumo de laranja não é recomendado pelo facto de ser alergogénico e o seu conteúdo em fibras ser baixo;
" Outros frutos alergogénicos (morangos, kiwi, etc) introduzir o mais tarde possível, não menos que 1 ano.
Aos 6 meses ( introdução da sopa)
" Fazer uma base de sabor adocicado (batata ou uns grãos de arroz, cenoura, abóbora ), depois introduzir os restantes legumes e hortaliças de uma forma gradual : alho francês, couve flor, etc;
" Espinafres, couve galega, têm propriedades alergogénicas, são dos últimos a serem introduzidos;
" Após uma semana deverá levar cerca de 20g de carne magra, posteriormente alternar com o peixe;
" A sopa deverá ser passada e já no prato acrescenta 1 colher de chá de azeite;
" Não deve levar sal, quanto mais tarde melhor;
" Deve ser dada à colher.
Nesta altura já podemos fazer um esquema alimentar:
Exemplo: 4 refeições de leite ou Exemplo: 4 ref. de leite
2 papas 1 papa
1 sopa 2 sopas e fruta
Aos 7 meses ( introdução do iogurte)
" Deverá ser iogurte natural e sem adicionar açúcar;
" Começar por dar 2 a 3 colheres, posteriormente pode ser dado com fruta misturada (fresca ou cozida), e só mais tarde é que se dá isolado a meio da manhã ou da tarde;
Entre o 7º e 8º mês pode-se pensar em introduzir uma refeição:
Farinha de pau ou arroz ou massa ou puré de batata com metade da dose da carne ou peixe.
Aos 8 meses (introdução das leguminosas secas)
" Devem ser muito bem demolhadas e cozidas;
" Preferencialmente esmagadas e não passadas com a varinha.
Aos 9 meses (introdução do ovo)
" Caso não haja história de alergias na família;
" Bem cozido;
" Primeiramente dá-se ¼ da gema, uma semana depois ½ gema, só perto de 1 ano é que se deve dar a gema mais a clara.
A partir do 10º mês
" A refeição principal já pode ter leguminosas no prato, ex: arroz com feijão;
" A sopa deve deixar de ser toda passada e homogeneizada, para obrigar a criança a mastigar;
" Pode ser introduzido o leite de vaca (UHT).
Cerca dos 12 meses
" Poderá ser introduzida a alimentação familiar desde que siga os padrões da alimentação saudável.
ALIMENTAÇÃO DIVERSIFICADA
- dos 4 meses aos 12 meses -
Objectivos:
a) Educativos:
- paladar
- apetite
- mastigação/deglutição
- integração familiar
b) Nutritivos:
- qualitativos
- quantitativos
c) Fisiológicos:
- fome/saciedade
- digestão
- transito intestinal
- diurese
Autor: Dra. Isabel Cardoso
Nutricionista