As 30 toneladas de carne de porco provenientes da Irlanda e eventualmente contaminadas com dioxinas não constituem um perigo real para a saúde dos consumidores, disse um especialista da Universidade de Coimbra.
"Penso que não há perigo real para a saúde", afirmou Carlos Palmeira, director do Departamento de Zoologia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
No entanto, para poder fazer uma análise mais aprofundada ao tipo de dioxinas eventualmente presentes na carne importada da Irlanda e da sua acção na saúde humana, Carlos Palmeira prefere esperar pelo resultado das análises.
"Tudo depende do nível de contaminação. Sem saber o resultado das análises é prematuro estar a antecipar algo", disse à agência Lusa.
O especialista explicou que para existir perigo para a saúde dos consumidores a carne teria de estar "muito, mas muito contaminada", situação que, precisou, teria reflexos no estado dos próprios animais que lhe deram origem.
Por outro lado, o facto de alegadamente a carne importada se destinar à indústria transformadora leva o especialista a considerar que a situação "não é preocupante".
As dioxinas são compostos químicos existentes na indústria mas também na Natureza que, segundo Carlos Palmeira, chegam ao Homem através da cadeia alimentar - ao aparecerem, por exemplo, nas rações destinadas à alimentação dos animais - ou por inalação de fumos provenientes de fábricas "em locais muito poluídos".
Das 30 toneladas de carne de porco importadas da Irlanda por uma empresa de Vila do Conde, 21 foram até ao momento apreendidas pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE).
Em declarações à Lusa, o director de operações da ASAE, Pedro Picciochi, referiu que apesar da carne ter sido localizada "há alguma probabilidade de não se conseguir recolher toda" e de alguma quantidade ter sido consumida.
Aos consumidores, Pedro Picciochi recomendou que se abstenham de comer a carne proveniente da República da Irlanda dada a possibilidade de contaminação, mas não outra carne de porco.
"A exposição humana a dioxinas e PCB similares às dioxinas por curtos períodos não resulta em efeitos adversos para a saúde", informou antes a ASAE em comunicado.
Esta acção da ASAE surgiu na sequência de um alerta feito pela União Europeia aos seus Estados-membros, dando conta da eventual contaminação da carne proveniente da Irlanda com dioxinas e outros produtos acima das quantidades máximas permitidas por lei.
In Jornal de Noticias