Uma escola no Bombarral está a ensinar a qualquer condutor como responder à ameaça crescente do carjacking. Expressões como 'G-Turns' são comuns nestas aulas de condução ofensiva, que estavam até agora limitadas às forças de segurança
'Piões' e abalroamentos fazem parte das lições para responder a barricadas, mas aprender as manobras não significa adoptar atitudes de 'herói', alerta Pedro Simões, responsável de uma empresa de formação de forças de segurança e parceira neste novo curso de condução ofensiva/evasiva.
Com a duração prevista de sete horas e um preço a rondar os 200 euros, o curso é destinado a quem «anda diariamente na estrada para se salvaguardar e sair de uma situação de um assalto em movimento, de carjacking», explica à Agência Lusa o instrutor Dário Castro.
O carjacking designa o roubo de viaturas na presença do condutor sob violência ou ameaça. O mesmo instrutor não deixa de enviar outro recado: «Não experimentar fazer estas manobras 'em casa'». Os exercícios devem ser ministrados por pessoas com «competência» para tal e em locais «específicos e em segurança».
Depois de uma parte teórica, as manobras são repetidas pelos alunos, sempre com um instrutor ao lado, nas pistas de aprendizagem no Bombarral. Aqui, o cheiro a borracha queimada dos pneus é uma constante, assim como a perda de equilíbrio de quem viaja no lugar do 'pendura', no momento das manobras mais bruscas.
Nas pistas é ensinado o 'L-Turn', uma inversão do sentido de marcha pela frente apenas possível nas situações em que há distância suficiente entre o carro do agressor que barrica a estrada e a viatura que está a ser agredida.
Num curto espaço, a solução pode passar por uma inversão em marcha-atrás ('G-Turn'), que resulta em meio 'pião'. Quando o carro fica cercado, o recomendado para as vítimas passa por seguir em frente e abalroar um dos carros dos agressores, avançando provavelmente já sem o pára-choques ou com este em bastante mau estado.
Nos exercícios a que a Lusa assistiu há figurantes armados e, se Dário Castro admite não prever o que se sente numa situação real deste tipo, garante, por outro lado, que o melhor é «ter muita calma».
Mas os perigos diários na estrada não são apenas acautelados com as manobras ofensivas, mas sobretudo com as defensivas: «O problema somos nós, mas pensamos que o problema são os outros. Na condução defensiva ensina-se a ter cuidado com o que fazemos. (O cuidado) Parte primeiro pela nossa sensibilização e antecipação e depois dos outros», concluiu Dário Castro.