Ao contrário do que tinha sido anunciado, Elizabeth assistiu em segredo ao julgamento do pai.
Ao terceiro dia de julgamento, Josef Fritzl recuou e decidiu assumir todos os crimes de que é acusado, incluindo o homicídio por negligência do bebé que morreu na cave em 1996. Ao que tudo indica, o ‘Monstro de Amstetten’ quebrou ao ver a filha, Elizabeth, sentada na sala de audiências, assistindo em silêncio à exibição do depoimento gravado em que ela própria descreveu ao pormenor todos os abusos de que foi vítima.
"Declaro-me culpado de todos os crimes de que sou acusado", afirmou Fritzl no início da terceira sessão do julgamento, ontem de manhã. A declaração apanhou todos de surpresa, depois de, na segunda--feira, Fritzl se ter declarado culpado apenas dos crimes de violação, sequestro e incesto, e reclamado inocência nas acusações de homicídio por negligência e escravatura.
Crucial para este recuo terá sido o depoimento de Elizabeth e a presença desta na sala de audiências, segunda e terça-feira.
Longe dos olhares dos jornalistas, ela entrou na sala e assistiu aos trabalhos sentada nas filas de trás do tribunal. O olhar acusatório da filha terá afectado profundamente o ‘Monstro’, que na terça-feira pediu apoio psicológico mal chegou à cadeia. Ao que tudo indica, Fritzl terá percebido então que Elizabeth o odiava e que não teria ninguém para o receber quando saísse da cadeia, dentro de seis ou sete anos (se fosse condenado apenas pelos crimes menores). Decidiu, por isso, admitir todos os crimes e garantir que passaria o resto dos seus dias numa instituição psiquiátrica.
Com esta confissão, é quase certo que Fritzl será condenado a prisão perpétua. O veredicto deverá ser conhecido hoje.
APONTAMENTOS
MORTE DO BEBÉ
Fritzl garantiu que não deixou morrer o pequeno Michael de propósito. "Não sei por que não o ajudei. Sempre pensei que ele sobreviveria", afirmou.
ARREPENDIMENTO
"Quando vi o vídeo percebi pela primeira vez o quanto fui cruel para com Elizabeth. Peço desculpa", afirmou Fritzl.
MANÍACO DO CONTROLO
A psicóloga que examinou Fritzl diz que ele tinha "necessidade de poder, de controlar".