Funerais realizaram-se em Britiande, Lamego, onde reside o único parente directo das vítimas. No Marco de Canaveses, foi sepultada Emília Freitas
00h30m
HELENA NORTE
Foram ontem enterradas as cinco vítimas da derrocada da falésia da praia Maria Luísa, Albufeira. A família Fonseca, que residia no Porto, foi sepultada em Britiande, Lamego. Maria Emília Freitas foi inumada no Marco de Canaveses.
Ainda faltavam duas horas para o início previsto dos quatro funerais da família Fonseca e já o adro da pequena capela de Britiande, Lamego, se enchia de pessoas e flores. Ao longo da manhã, centenas de amigos, vizinhos, colegas e conhecidos, bem como alguns familiares de António Mota da Fonseca, da esposa, Anabela, e das filhas, Ana Rita e Mariana, pontilharam o recinto, num silêncio pesado. O calor, opressivo, abafava as lágrimas não contidas numa consternação discreta.
Sentado na primeira fila, junto às quatro urnas, estava Manuel Marques Pereira, que perdeu a única filha (Anabela), o genro e as duas netas. É o único parente directo da família engolida pela arriba da praia de que tanto gostavam e onde costumavam passar férias. Antes de rumarem até ao Algarve, os quatro Fonseca passaram uns dias na pequena freguesia do concelho de Lamego.
Entre as inúmeras pessoas que quiseram prestar a última homenagem contavam-se vários funcionários da Junta de Freguesia de Ramalde (Porto), onde Ana Rita trabalhava como psicóloga. A mãe, Anabela, era também uma figura bem conhecida na comunidade local, já que trabalhava, há muitos anos, como educadora de infância numa associação local ("Asas de Ramalde"). O pai, António Mota da Silva, era agente comercial e assumiu, durante dez anos, as funções de director de Relações Públicas do Boavista.
Nas cerimónias fúnebres, marcaram também presença o governador civil de Viseu, Alcídio Martins Faustino, e o presidente da Câmara Municipal de Lamego, Francisco Lopes. Às 11.30 horas, chegava Rui Pereira, ministro da Administração Interna, que acompanhou a família.
As cerimónias só começariam depois do meio-dia e da chegada de Vítor Sousa, sobrevivente da tragédia que lhe roubou a namorada, Mariana, e família. Ferido com gravidade, foi submetido a uma intervenção cirúrgica a uma perna no Hospital de Faro e, anteontem à noite, transferido para o "S. João", no Porto. De cadeira de rodas, assistiu às cerimónias até ao fim.
Às 17 horas, na capela de Santo António de Tabuado, começavam as cerimónias fúnebres de Maria Emília Freitas, 38 anos, natural de Marco de Canaveses, a residir em França com o marido e duas filhas. De seguida, o cortejo fúnebre dirigiu-se ao cemitério de Várzea da Ovelha, onde o corpo foi sepultado.
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1343074