Uma menina de um mês, filha de imigrantes ilegais, foi internada no Hospital de S. Marcos, em Braga, depois de retirada aos pais pela Comissão de Protecção de Menores, disse esta quinta-feira à Lusa fonte ligada ao processo.
«A menina está no Hospital de S. Marcos e deverá permanecer internada durante muito tempo», acrescentou Fátima Soeiro, responsável, em Braga, pela Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco.
Quarta-feira, técnicas da comissão levaram para o hospital a menina com um mês de vida, retirando-a da guarda dos pais. A criança, segundo Fátima Soeiro, estava «subnutrida, desidratada, suja e com marcas não identificadas na pele».
Os pais do bebé são, segundo informações veiculadas por fonte policial, imigrantes ilegais que vivem num apartamento no centro da cidade de Braga. O casal, ela com 18 anos e ele com 20, tem ainda mais dois filhos: um menino com dois anos e uma menina com um ano.
Avó de 40 anos está grávida
«É uma situação dramática, daquelas que ninguém imagina sequer que possam existir», sustentou a responsável pela Comissão de Protecção de Menores e Crianças em Risco. Juntamente com o casal e os três filhos, vivem os avós das crianças. A avó da menina, agora retirada ao agregado familiar, com 40 anos e grávida, é outra fonte de preocupação para as técnicas da comissão.
«Não sabemos o que fazer com esta família porque está ilegal e, por isso, não pode procurar qualquer tipo de apoio do Estado», salientou a fonte. A única fonte de rendimento familiar é o avô das crianças que recolhe ferro velho para depois vender.
O bebé, internado no serviço de pediatria do Hospital de S. Marcos, encontra-se «estabilizada», segundo fonte clínica mas terá que permanecer na unidade de saúde até «recuperar peso e estabilizar».
Outras crianças também em risco de vida
«Até agora, não conseguimos falar com o pai dos meninos mas as outras duas crianças também têm que ser institucionalizadas», admitiu Fátima Soeiro.
«É uma situação em que, sem qualquer dúvida, os menores estão a correr risco de vida», referiu a responsável. Com 516 casos registados de crianças negligenciadas desde Janeiro de 2008, esta é «talvez, a situação mais grave», sustentou Fátima Soeiro.
A pobreza extrema da família de imigrantes foi dada a conhecer por uma equipa de acção social de uma instituição infantil de Braga. Funcionárias da instituição têm ido diariamente a casa da família levar comida e ensinar a confeccionar as refeições para as crianças.
È esta equipa que está, provisoriamente, a cuidar dos dois menores ainda a viver com os pais e os avós. «As técnicas ensinam e ajudam no que podem, desde banhos à confecção de papas e sopas, mas a situação é insuportável», frisou Fátima Soeiro.
in diario.iol.pt