O padre Virgílio Antunes revelou, ontem, quarta-feira, que o Santuário de Fátima não tem um plano de contingência para o vírus da gripe A (H1N1), e apenas foram dadas indicações aos funcionários para os cuidados a ter com as lavagens das mãos.
Segundo o reitor, "não foi tomada nenhuma iniciativa" neste âmbito e nada está ainda pensado. "Estamos atentos, achamos importantes todos os conselhos e exortações das autoridades sanitárias e da pastoral da saúde", disse o prelado.
Relativamente aos milhares de peregrinos que nesta altura do ano acorrem à Cova da Iria, o responsável lembrou que o Santuário tem um Posto Médico a funcionar durante o Verão e que na altura das peregrinações é reforçado com médicos e enfermeiros. "Existem os meios necessários para o encaminhamento de algum caso suspeito que possa surgir", frisou o reitor, garantindo que a "Protecção Civil e as autoridades regionais de saúde estão atentas ao fenómeno".
Confrontado com as indicações da Pastoral da Saúde na comunhão ou no abraço da paz, o reitor garantiu que de forma "explícita e directamente ao grande público", ainda não foi feita nenhuma exortação nesse sentido. "Estamos nesta fase de reflexão", afirmou, admitindo que "pode ser" que se "chegue lá se se verificar que a Igreja pode ser um lugar de transmissão" do vírus.
O bispo da diocese de Leiria e Fátima, D. António Marto, lembou que o vírus da gripe A "não tem tanta agressividade como o da gripe sazonal". Sobre a suspensão das celebrações, disse que este "é um cenário admissível teoricamente, hipoteticamente", tal como é o caso da eventual interrupção das audiências com o Papa.
"Não vamos entrar em pânico antes do tempo", pediu D. António Marto, lembrando que "a Igreja sempre soube responder a todas as situações no tempo certo". Mostrou-se admirado com o "muito interesse em relação aos grandes encontros religiosos", mas disse não ver essa mesma preocupação em relação aos encontros de futebol ou aos festivais de música de Verão.
D. António Marto falava aos jornalistas na habitual conferência de Imprensa que antecede o início da Peregrinação do Migrante e do Refugiado. Este ano, as cerimónias são presididas pelo bispo auxiliar de Porto Alegre, Brasil, que desafiou os governos a fazerem leis que tenham presente "o imigrante como pessoa humana e não somente como problema".
D. Alessandro Ruffinoni considerou que a Igreja deve dar o primeiro exemplo no bom acolhimento aos migrantes. Frisou ainda a necessidade de "despertar nos nossos governantes uma sensibilidade maior sobre este problema humano que é o problema migratório".
O caso dos imigrantes explorados no Alentejo foi também mencionado no encontro com os jornalistas. D. António Marto quis juntar a sua voz à do bispo de Beja na denúncia da situação. "Quero fazer-me porta-voz deste grito de denúncia destas condições" dos imigrantes romenos e tailandeses que "têm sofrido uma verdadeira escravatura, uma verdadeira exploração social, em condições sub-humanas e infra-humanas de trabalho, de vida, de habitação".
JN