Primeiro estudo nacional mostra que a obesidade atinge já um terço dos meninos em idade pré-escolar. Uma maior prevalência que nos adolescentes. Dados são apresentados hoje, Dia Mundial da Alimentação
Em Portugal, 29% das crianças entre os dois e os cinco anos têm excesso de peso. E 12,5% são obesas. É a conclusão do estudo da Plataforma Contra a Obesidade, que hoje será apresentado no âmbito do Dia Mundial da Alimentação, e que, compara este grupo etário ao dos adolescentes (11a15 anos). Demonstra que os mais novos estão mais gordos e que a dieta tem de começar logo no berço.
O Estudo de Prevalência da Obesidade Infantil e dos Adolescentes em Portugal Continental, a que o DN teve acesso, é o primeiro a ser realizado a nível nacional para estimar a prevalência do excesso de peso (pré-obesidade) e da obesidade em crianças e adolescentes. E confirma uma tendência que os especialistas têm constatado na prática clínica: os problemas de obesidade começam com crianças cada vez mais novas. O que significa que, se não forem tomadas medidas, teremos, no futuro, jovens e adultos muito mais obesos, sublinha João Breda, coordenador da Plataforma Contra a Obesidade (PCO).
A prevalência de crianças obesas dos 2 aos 5 anos é de 12,5%, mais 1,2% que no grupo dos 11 aos 15 anos. E a pré-obesidade afecta 29% deste grupo, mais 0,8% do que entre os adolescentes. E, neste último segmento, as prevalências diminuem com a idade. Em ambos os grupos, as raparigas revelam maiores problemas de gordura que os rapazes.
Há praticamente um criança com excesso de peso em cada três no País, quando a média europeia é de uma em cinco.
Isabel do Carmo, presidente do conselho científico da PCO, refere que as prevalências de obesidade infantil em Portugal são semelhantes às verificadas em Itália, Grécia e Espanha. Precisamente, os países onde se elogia a chamada dieta mediterrânica.
"Pode parecer um paradoxo, mas uma coisa é o que as pessoas comem no prato e outra é o que comem fora do prato", sublinha Isabel do Carmo. O problema mais grave são os erros alimentares que se cometem entre as refeições.
O estudo foi realizado em Portugal Continental e encontram-se mais diferenças entre sexos do que entre as regiões. Há mais adolescentes obesas no Sul do país, enquanto que a prevalência é maior entre os rapazes que residem no Norte. Em relação aos mais novos, não é feita uma diferenciação de género, sendo que as maiores taxas registam-se no Norte e no Algarve.
Tal como nas crianças, referem os autores do estudo, coordenado por A. Galvão-Teles, a escolaridade dos pais parece "condicionar mais a prevalência de excesso de peso e de obesidade nas raparigas ". Além disso, os adolescentes cujos pais têm menos que nove anos de escolaridade tendem a apresentar as percentagens mais elevadas quer de excesso de peso, quer de obesidade.
No caso das crianças entre os 2 e os 5 anos, são sobretudo as que têm pais com menos de seis anos de ensino que apresentam maiores índices de obesidade.
"A educação alimentar deve começar desde cedo e a partir do momento em que a criança tem a sua diversidade alimentar completa", defende Rodrigues Abreu, um dos autores do "Grande Livro da Alimentação Infantil "(ver caixa). Tem uma consulta de alimentação infantil e o principal obstáculo que encontra é "a vida ocupada dos pais, tornando-se difícil pensar e antecipar as escolhas alimentares". Isto porque "a disponibilidade de alimentos é muito maior actualmente e torna-se imperativo saber escolher".
Os dados do estudo da PCO serão tratados no âmbito da tese de doutoramento de Ana Miranda e de mestrado de Inês Santos. Incide sobre uma amostra de 2560 adolescentes e 2243 crianças entre os dois e os cinco anos. Os critérios para medir a obesidade são os norte-americanos, do Center for Disease Control and Prevention, e que definem os níveis de crescimento médio das crianças (parâmetros do livre verde
JN