As luzes já embrulharam a cidade em espírito natalício, mas entre os comerciantes há poucos motivos para festas. "O tempo não está de feição", desabafa Laura Rodrigues, presidente da Associação de Comerciantes do Porto.
Anda muita gente na rua, as pessoas entram na loja, mas ninguém compra", concorda Maria Celeste, à porta do estabelecimento, na Rua de Santa Catarina. Na artéria mais emblemática do comércio do Porto ainda há poucas montras enfeitadas com motivos natalícios. Na de Regina Medina já há "neve". As queixas da comerciante voltam-se para a falta de animação da rua. "Não se faz nada para atrair as pessoas", sentencia, criticando a falta de iniciativa da Câmara do Porto. A iluminação de Natal não é suficiente, alerta Regina Medina. As expectativas para a quadra festiva não serão, portanto, muito elevadas.
"Espero que seja melhor do que no ano passado", afirmou Sandra Moreira. Os enfeites serão colocados na montra lá para o início de Dezembro. "Nada de muito elaborado", salvaguardou.
"A nossa expectativa é que as coisas corram, pelo menos, como no ano passado. Foi positivo", considerou, por sua vez, Paulo Melo. "Também depende do tempo", acrescentou, lembrando que a chuva poderá afastar clientela. "Se não chover, as pessoas vêm, porque continuam a gostar de vir à Baixa", acredita Paulo Melo, que não teme os centros comerciais.
"As grandes superfícies acabam por fazer concorrência entre si. O comércio tradicional tem um carácter distintivo", explicou Paulo Melo, enquanto no estabelecimento se começa a preparar as montras para a quadra natalícia.
Laura Rodrigues é que não tem dúvidas: a situação é muito complicada e inspira grande preocupação. E a crise não é de agora, embora a conjuntura internacional aumente a "instabilidade". As expectativas de negócio no Natal não são as melhores. A presidente da Associação de Comerciantes reitera que a proliferação de grandes superfícies está a liquidar o comércio tradicional: "Todos os dias fecham lojas e recebemos informações de comerciantes que estão em situação desesperada".
"Chegou a altura de dizer basta", sublinhou, lembrando que na próxima segunda-feira à noite realiza-se um plenário para a constituição do Movimento pelo Comércio e pela Cidade, aberto à "sociedade em geral". Será pedida a suspensão das autorizações para mais grandes superfícies.
A própria Associação de Comerciantes não escapa à crise. A míngua de apoios determina que, este ano, não se realize a tradicional campanha de animação natalícia. Ainda assim, revelou Laura Rodrigues, vai haver uma festa para os filhos dos associados e a distribuição de balões e de prendas nas artérias mais concorridas da cidade do Porto.
in jn.sapo.pt