Na quinta-feira, os ponteiros do relógio ainda não assinalavam a meia-noite quando a notícia da morte de Michael Jackson começou a passar de telemóvel em telemóvel e de blogue em blogue. Num arraial lisboeta prestava-se homenagem a António Variações. De repente, a música que se tocava ao vivo parou, e fez-se um minuto de silêncio em homenagem ao rei que a pop perdeu. Esta cena repetia-se um pouco por todo o mundo.
De facto, centenas de fãs de Michael Jackson reuniram-se ontem, de Nova Iorque a Tóquio, em África e no mundo árabe, em Berlim, Madrid ou Lisboa. Queriam apenas prestar homenagem ao seu ídolo, falecido na quinta-feira, com 50 anos. Em Portugal, por exemplo, os seus admiradores reuniram-se ontem no Parque das Nações, em Lisboa. "Viemos para aqui por causa da acessibilidade do local", explicou ao DN Delfim Miranda, presidente do clube de fãs de Michael Jackson em Portugal. "É uma coisa pequena, as pessoas prestam a sua homenagem e vão-se embora." Contudo, hoje à noite a situação deve ser diferente, num espectáculo de tributo que decorrerá na Praia da Oura, perto de Albufeira (Algarve).
Por esta altura, o resto da história é já conhecido. Michael Jackson sofreu um ataque cardíaco na sua casa em Los Angeles. De acordo com uma chamada feita para as emergências, e publicada pela TMZ, Conrad Robert Murray, o seu médico pessoal (que à hora de fecho desta edição se encontrava ainda desaparecido), estava com ele. Chegaria ao hospital passados alguns minutos, pelas 12.26 locais (21.26 em Lisboa). Tinha sofrido um ataque cardíaco, e encontrava-se em coma. Pouco depois, o "rei da pop" era declarado morto. Mas fica a dúvida: o que matou o intérprete? A autópsia foi feita ontem, mas o médico legista Ed Winter, citado pela BBC, afirmou que vai ser preciso esperar "seis a oito semanas" pelos exames toxicológicos.
Sabe-se apenas que faltavam duas semanas para o regresso de Michael Jackson aos palcos. Iniciaria depois uma série de 50 concertos na O2 Arena, em Londres, com início a 13 de Julho e fim a 6 de Março de 2010. "Ele estava ansioso por este regresso, talvez isso tenha abalado o seu coração", afirmou o ilusionista israelita Uri Geller, um amigo pessoal do músico, ao jornal The Guardian. "Talvez o stress o tenha matado", concluiu. Mas para a família do cantor, citada pelo site TMZ, foi uma overdose de morfina que matou Jackson.
Certezas? Apenas uma: a morte do ícone pop foi um evento mediático ímpar. Quando a notícia veio a público, o tráfego na Internet cresceu mais de 30%, colapsando vários portais. O número de posts trocados no Twitter "duplicou quando a história explodiu", garante Biz Stone, o seu fundador, citado pelo Los Angeles Times. O mesmo ocorreu no rede de social networking Facebook e nalguns fóruns. E os moderadores da Wikipedia, foram obrigados a bloquear as alterações à entrada relativa ao cantor.
Ontem, além dos fãs anónimos, foram muitas as celebridades que prestaram tributo ao cantor. Quincy Jones, que produziu os discos Off the Wall, Thriller e Bad, ficou "absolutamente devastado" com as notícias da morte do músico, que via como "um irmão mais novo". Já Paul McCartney, que fez um dueto com a estrela no single The Girl Is Mine, admitiu que foi "um privilégio" colaborar com ele. Entre os admiradores estava também Barack Obama: "Foi um artista espectacular, um ícone", disse.
fonte: DN