A
Madeira, oficialmente designada por
Região Autónoma da Madeira, é um
arquipélago português dotado de autonomia política e administrativa através do
Estatuto Político Administrativo da Região Autónoma da Madeira, previsto na
Constituição da República Portuguesa. A Madeira faz parte integral da União Europeia com o estatuto de região ultraperiférica do território da União, conforme estabelecido no artigo 299º-2 do Tratado da União Europeia.
Uma das teorias dos historiadores é de que as ilhas da Madeira e Porto Santo foram descobertas primeiro pelos
Romanos e que ficaram conhecidas como as "
Ilhas de púrpura" e ainda "Islas Rojas" mas é um assunto relativamente debatido entre os historiadores e não se encontrou um concenso, dado poder referir-se a outras ilhas mais a sul. Mais tarde o arquipélago foi então redescoberto pelos
portugueses, nomeadamente
Tristão Vaz Teixeira e
João Gonçalves Zarco em
1419, que apelidou a
ilha com o nome
Madeira devido à abundância desta matéria-prima. Primeiro, foi descoberta a ilha do Porto Santo (1418), por João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira; depois, a ilha da Madeira (1419), com
Bartolomeu Perestrelo, que acompanhava de novo João Gonçalves Zarco.
É um arquipélago bastante turístico durante todo o ano, devido ao seu clima com temperaturas amenas tanto no Inverno como no Verão e também famoso pelo seu espectacular fogo-de-artifício no
Ano-novo, classificado como o maior espectáculo pirotécnico do mundo na passagem de ano de 2006 para 2007, assim como pelo seu vinho licoroso característico conhecido mundialmente
Vinho da Madeira, pelas suas flores e pelas suas paisagens com montanhas abruptas, vales verdejantes e floridos, o panorama do mar e das escarpas do litoral e pelas suas praias de areia dourada da ilha do Porto Santo.
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HistóriaVer artigo principal: História da MadeiraAntes da chegada dos portuguesesAs ilhas do arquipélago da Madeira já seriam conhecidas antes da chegada dos portugueses, a crer em referências presentes em obras, bem como na representação destas em cartas geográficas. Entre as obras que se referem à Madeira salientam-se passagens do
Libro del Conocimiento (
1348-
1349), obra de um frade mendicante espanhol na qual as ilhas são referidas pelo nome de
Leiname,
Diserta e
Puerto Santo.
Povoamento A faina da vindima.
Em
1418 a ilha do Porto Santo foi redescoberta por
João Gonçalves Zarco e por
Tristão Vaz Teixeira. No ano seguinte estes navegadores, acompanhados por
Bartolomeu Perestrelo, chegam à
ilha da Madeira.
Tendo sido notadas as potencialidades das ilhas, bem como a importância estratégica destas, iniciou-se por volta de
1425 a
colonização, que terá sido uma iniciativa de D. João I ou do Infante D. Henrique. A partir de
1440 estabelece-se o regime das
capitanias com a investidura de Tristão Vaz Teixeira como capitão-donatário da capitania de Machico; seis anos mais tarde Bartolomeu Perestrelo torna-se capitão-donatário do Porto Santo e em
1450 Zarco é investido capitão-donatário da capitania do Funchal.
Os três capitães-donatários levaram, na primeira viagem, as respectivas famílias, um pequeno grupo de pessoas da pequena
nobreza, gente de condições modestas e alguns antigos presos do reino. Para auferirem de condições mínimas para o desenvolvimento da
agricultura, tiveram que desbastar uma parte da densa floresta de
laurissilva e construir um grande número de canalizações de água (
levadas), visto que numa parte da ilha havia água em excesso enquanto na outra esta escasseava. Nos primeiros tempos, o
peixe constituía o principal meio de subsistência dos povoadores assim como os produtos horto-frutícolas.
Da queda da produção cerealífera ao Vinho da Madeira O Funchal antigo.
A primeira actividade agrícola local com grande relevo foi a cultura cerealífera do
trigo. Inicialmente, os colonizadores produziam trigo para a sua própria subsistência mas, mais tarde, este passou a ser um produto de exportação para o reino.
No entanto, inexplicavelmente, a produção cerealífera entrou em queda. Para superar a crise o
infante D. Henrique resolveu mandar plantar na
ilha da Madeira a
cana-de-açúcar — rara na
Europa e, por isso, considerada
especiaria —, promovendo, para isso, a vinda, da
Sicília, da soca da primeira planta e dos técnicos especializados nesta cultura. A produção de açúcar atraiu à ilha comerciantes judeus, genoveses e portugueses. A cultura da cana foi por excelência um dinamizador da economia insular. A produção da cultura sacarina cresceu de tal forma que surgiu uma grande necessidade de mão-de-obra. Para satisfazer esta carência foram levados para a ilha
escravos originários das
Canárias, de
Marrocos,
Mauritânia e, mais tarde, de outras zonas de
África. A cultura da cana e a indústria da produção de
açúcar desenvolver-se-iam até ao
século XVII, seguindo-se a indústria da transformação — as
alçapremas — fazendo a extracção do suco para, depois, vir a fazer-se o
recozer dos meles como então se chamava à fase da
refinação.
A partir do
século XVII será o
vinho o mais importante produto da exploração madeirense, já que a cultura da cana-de-açúcar fora, entretanto, incentivada no
Brasil (a partir de
1530) e em
São Tomé e Príncipe, o abalou profundamente a economia madeirense.
O papel da Madeira na época dos descobrimentosA Madeira serviu também como modelo para a colonização do Brasil, baseado nas
capitanias hereditárias e nas
sesmarias, conforme atesta a nomeação de
Pero de Góis por
D. João III, em
25 de Agosto de
1536, quando o rei determina que exercesse o cargo
da maneira que ele deve ser feito e como o é o provedor da minha fazenda na Ilha da Madeira.No Brasil, os madeirenses tiveram também importante participação na
Insurreição Pernambucana, contra a ocupação
holandesa.
Durante o
século XV a Madeira desempenhou um importante papel nos
Descobrimentos portugueses. Tornou-se também famosa pelas rotas comerciais que ligavam o porto do Funchal a toda a
Europa. E foi no arquipélago da Madeira que o mercador
Cristóvão Colombo aprofundou os conhecimentos da arte de navegar e planeou a sua célebre viagem para a
América.
Nos
séculos XVII e
XVIII, uma grave crise económica e alimentar motivaram a
Diáspora Madeirense. Milhares de famílias partiram para as colónias. Na Madeira, o povo sofria com a fome e a miséria. Em
1747, D. João V ordena o recrutamento voluntário de casais para povoarem a
ilha de Santa Catarina. Em
1751, o governador Manuel Saldanha da Gama escreve:
Nalguns portos da Ilha, o povo só se alimentava de raízes, flor de giesta e frutos. No mesmo ano, o rei
D. José mandou recrutar, só na cidade do Funchal, mil casais sem meios de subsistência para promover o povoamento das colónias, sobretudo do Brasil.
[2]O temporal de 2010Ver artigo principal: Temporal na ilha da Madeira em 2010Em
20 de Fevereiro de
2010 um
forte temporal causou inundações e deslizamento de terras, provocando pelo menos 48 mortos e cerda de 250 feridos. Os concelhos mais afectados foram o
Funchal e
Ribeira Brava, onde várias pontes ruíram e estradas e caminhos cederam ou foram levados pelas águas. No Funchal as três maiores ribeiras transbordaram, causando grande destruição. Várias residências ficaram sobterradas por deslizamentos, e a capela de Nossa Senhora da Conceição, no
Monte, foi levada pelas águas. O balanço das vítimas e estragos causados por esta
aluvião é ainda provisório.
GeografiaLocalização Casa típica de Santana, na Ilha da Madeira.
O arquipélago da Madeira situa-se no
Oceano Atlântico entre 30° e 33° de latitude norte, a 978 km a sudoeste de
Lisboa e a cerca de 700 quilómetros da costa africana, quase à mesma latitude de
Casablanca, relativamente perto do
Estreito de Gibraltar. De origem vulcânica, é formado por:
Das sete ilhas, apenas as duas maiores (Madeira e Porto Santo) são habitadas, tendo, como principais acessos, o
Aeroporto da Madeira no Funchal e o do
Porto Santo. Por via marítima, o Funchal possui um porto que recebe vários navios, principalmente cruzeiros. As restantes ilhas constituem reservas naturais.
Território e clima Pico do Areeiro.
Subdivide-se nas duas ilhas principais: a
ilha da Madeira e a ilha do
Porto Santo; além destas, existem dois grupos de ilhas desabitadas, as
ilhas Desertas e as
Selvagens.
A ilha da Madeira possui uma
orografia bastante acidentada, sendo os pontos mais altos o
Pico Ruivo (1.862 m), Pico das Torres (1851 m) e o
Pico do Arieiro (1.818 m). A costa
Norte é dominada por altas arribas e a
Oeste surge uma região planáltica, o
Paul da Serra (1.300-1.500 m).
O
relevo, bem como a exposição aos ventos predominantes, fazem com que na ilha existam diversos micro-climas o que, aliado ao exotismo da vegetação, constitui um importante factor de atracção para o
turismo, principal actividade da região. A precipitação é mais elevada na costa norte do que na costa sul. Não existem grandes variações térmicas durante todo o ano mantendo-se o clima ameno com temperaturas médias a rondar os 23°C (máxima) e os 15°C (mínima). A temperatura da água do mar, devido à influência da corrente quente do Golfo, mantém-se nos 22°C no Verão, arrefecendo gradualmente até atingir os 18°C no fim do Inverno.
A ilha do
Porto Santo, por outro lado, tem uma constituição geomorfológica completamente diferente à da ilha da Madeira. Muito plana, apresenta um revestimento vegetal ralo com solos pobres pouco aptos para a
agricultura. Possui uma praia de areia fina e dourada com 9 quilómetros de extensão de origem orgânica (calcário) ao contrário das praias de Portugal continental que são de origem siliciosa (inorgânica) e constitui uma estância de turismo cada vez mais explorada regional, nacional e internacionalmente. Esta ilha apresenta alguns picos, sobretudo a norte, sendo o
Pico do Facho (517m) o ponto de maior altitude.
Geomorfologia Esquema representativo da geomorfologia da Ilha da Madeira
O arquipélago da Madeira faz parte da
Macaronésia e está situada na
placa Africana. Localiza-se num extremo da cadeia montanhosa (submarina)
Tore, sentido NE/SO. Considera-se um
ponto quente, daí a sua natureza vulcânica e a direcção NE que o arquipélago desenha.
De maneira sumária, o arquipélago tem a sua génese durante a criação do
Atlântico Norte, começando a desenvolver-se durante o período
Cretácico, há aproximadamente 115 milhões de anos.
A ilha do
Porto Santo foi a primeira a formar-se, há 19 milhões de anos, durante o
Mioceno, emergindo 11 milhões de anos depois (há 8 milhões de anos). A mais recente é a
ilha da Madeira, com a mesma data de formação, tendo emergido durante a transição do Mioceno para o
Plioceno, há aproximadamente 5 milhões de anos, apresentando actualmente um relevo menos erosionado que as restantes ilhas.
Ilha da Madeira 3D.
Desde a sua emersão até agora, podem salientar-se cinco fases relacionadas com o vulcanismo da sua formação, particularmente visíveis em diversos pontos da ilha da Madeira:
- Formação base, caracterizada por grandes erupções e expulsão de material, que terminou há 3 milhões de anos.
- Formação da periferia, onde se verifica a diminuição significativa das condições anteriores, com a formação de alguns diques e planaltos, que terminou há 740 mil anos.
- Formações das zonas altas, marcadas pela continuação da expulsão de material piroclástico e formação das falésias das costas norte e sul, que oscilam entre os 400 e 900m. Esta etapa que terminou há aproximadamente 620 mil anos.
- Formações dos basaltos do Paul da Serra devido a uma fenda na Bica da Cana há 550.000 anos.
- Erupções recentes, que praticamente definem as ilhas. Os fluidos magmáticos mais recentes situam-se nesta fase, que terminou há 6500 anos.
O constante vulcanismo, agregado à erosão e a movimentos tectónicos, moldaram as diferentes ilhas do arquipélago no que elas são hoje, dando-lhe a orientação que tem, coincidente com o movimento da placa africana.
Demografia As cidades de
Câmara de Lobos (primeiro plano) e do
Funchal (plano de fundo) fazem parte dos dois concelhos com maior densidade populacional da Ilha da Madeira.
Apesar de possuir uma
densidade populacional (cerca de 300 hab./km²) superior à
média do país e mesmo da
UE, 75% da população da ilha da Madeira habita em apenas 35% do território, sobretudo na costa sul, onde se encontra a cidade do Funchal, capital da
Região Autónoma da Madeira, que concentra 45% da população (130 000 habitantes), com uma densidade populacional de 1 500 hab./km². É também nesta zona que se localiza a maior parte das unidades hoteleiras.
Segundo dados do SEF, referidos pelo
Jornal da Madeira, esta Região Autónoma tinha, em finais de 2006, 7 404 estrangeiros, naturais de 91 países. O maior contingente vem do
Brasil.
Religião Sé do FunchalA população do arquipélago da Madeira é tradicionalmente seguidora do catolicismo romano, embora à semelhança do que acontece em outros locais, hoje em dia essa identificação tenda a ser apenas nominal.
A
Diocese do Funchal foi criada a
12 de Junho de
1514 através da bula
Pro Excellenti Praeeminentia do
Papa Leão X, em resultado de um pedido do rei
D. Manuel I. Em
1536 o
Papa Paulo III desligou o bispado da
Ordem de Cristo. Esta diocese, cujo primeiro bispo foi
Diogo Pinheiro, teve a maior jurisdição do mundo, já que esta era alargada aos territórios com presença portuguesa em
África, no
Brasil,
Índia e
China. Em
1533 o
Papa Clemente VII elevaria a diocese a arcebispado, que seria extinguido em
1551, passando novamente a diocese dependente do arcebispado de Lisboa. Em
1991 a Madeira recebeu a visita do
Papa João Paulo II, primeiro Papa a visitar a ilha.
D. António José Cavaco Carrilho é o bispo da diocese desde Maio de
2007, sucedendo a
D. Teodoro de Faria que renunciou em virtude de já ter ultrapassado a idade canónica para exercer o cargo.
Política Parque de Santa Catarina, na cidade do
Funchal, capital da região autónoma.
Desde
1976 a Madeira é uma
Região Autónoma da República Portuguesa. Possui órgãos que governo como a
Assembleia Legislativa da Madeira e o Governo Regional. O Estado Português é representado na região pelo Representante da República para a Região Autónoma da Madeira, cargo ocupado por
Antero Alves Monteiro Diniz.
A Assembleia Legislativa é um parlamento unicameral composto actualmente por 47 deputados. Os deputados são eleitos para um mandato de quatro anos em listas apresentadas pelos partidos num círculo eleitoral único (ao contrário do que se passava até às eleições de 2004, em que os círculos eleitorais correspondiam aos municípios e o número de deputados era 68).
Os partidos presentes na Região Autónoma da Madeira encontram-se ligados aos grandes partidos do espectro político português. Nas últimas eleições legislativas regionais realizadas a 6 de Maio de 2007 consagrou-se como vencedor o
PSD-Madeira, com 64,2% dos votos.
Divisão administrativaA divisão administrativa do arquipélago consiste em 11 municípios:
Divisão Administrativa da Região Autónoma da Madeira - Municípios.
EconomiaAgricultura Produtos agrícolas no Mercado dos Lavradores, Funchal
A
agricultura foi historicamente o sector dominante na economia madeirense, a partir da qual vivia a maior parte de população. Apesar do solo vulcânico ser fértil, o relevo montanhoso (que conduziu à plantação em
socalcos ou poios como são conhecidos regionalmente) impede a mecanização.
Ao nível da organização do espaço agrícola podem ser distinguidos três andares. Nas terras de baixa altitude junto ao mar localizam-se as culturas de maior rendimento, como a
banana, a
anona, a
manga,
cana-de-açúcar e o
maracujá e outras espécies tropicais. No nível intermédio situam-se culturas alimentares como a batata, feijão, trigo e milho e árvores de fruta da região mediterrânea (figueira, nespereira), em sistema de
policultura. Nas altitudes mais elevadas encontram-se os pastos, pinhais e bosques.
A pecuária complementa a actividade agrícola. O tipo de gado predominante é o ovino e caprino, com menor presença do bovino. Para além do seu papel na alimentação, o gado proporciona o adubo natural.
A pesca recorre a métodos artesanais. As principais espécies capturadas são o
atum e o
peixe-espada.
Actualmente, o
turismo constitui uma fonte média de receitas da economia madeirense. No
sector agrícola, a produção de
banana dirigida fundamentalmente ao consumo regional e nacional, as
flores e o afamado
vinho da Madeira, constituem também um importante contributo para a economia regional.
Indústria
A actividade industrial na R.A.M. tem vindo a tornar-se cada vez mais diversificada, destacando-se no entanto ainda pequenas indústrias como as orientadas para o consumo local (massas alimentícias, lacticínios, produção e embalagem de açúcar, cimentos, entre outras) e as de carácter artesanal:
bordados Madeira,
tapeçaria e artigos de vime.
A indústria existente concentra-se nos concelhos do
Funchal,
Câmara de Lobos,
Santa Cruz e
Machico.
Contribuindo de forma muito positiva para o desenvolvimento económico da Madeira, não pode ser esquecida a actividade desenvolvida pela
Zona Franca da Madeira, no
Caniçal, a qual integra as actividades financeira, industrial e comercial e é constituída por um conjunto de incentivos fiscais e financeiros de que podem beneficiar todas as empresas que ali se instalem.
A Madeira tem uma política fiscal muito apelativa, cobrando a todos os contribuintes (tanto famílias como empresas) taxas muito abaixo das praticadas em quase toda a
União Europeia. Este facto colocou a Madeira no mapa económico e financeiro mundial, como um local propício ao investimento. Muitas empresas, portuguesas e estrangeiras, têm investido na Madeira.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Aut%C3%B3noma_da_Madeira