construtor automóvel Renault rejeitou quinta-feira pedidos de indemnização de trabalhadores do fabricante de peças para automóveis New Fabris, oferecendo um compromisso que estes dizem não ser suficiente para desistirem da ameaça de fazer explodir a fábrica
Os trabalhadores ameaçam desde domingo fazer explodir a fábrica se não receberem 30 mil euros cada um.
O seu protesto é o último exemplo de medidas violentas que os trabalhadores franceses ameaçam levar a cabo para resistir à redução dos postos de trabalho e dos cortes salariais por entre a pior recessão do país em décadas.
Os trabalhadores reuniram-se quinta-feira com os gestores da Renault na sede da companhia nos arredores de Paris, exigindo indemnizações de 15 mil euros para cada um dos 366 trabalhadores em regime de lay off.
A Renault concordou em comprar equipamento deixado na fábrica agora fechada «na condição de o resultado da venda ser usado com suplemento às indemnizações dos trabalhadores», de acordo com um comunicado divulgado pela empresa.
Não avança com o que a Renault poderá gastar com o equipamento ou quanto é que caberá aos trabalhadores.
«Não cabe ao cliente» dar dinheiro aos trabalhadores de um defunto fornecedor, disse a porta-voz da Renault Gita Roux. A PSA Peugeot-Citroen adoptou a mesma posição quando os trabalhadores da New Fabris (centro) fizeram a mesma exigência a semana passada.
Alguns polícias anti-motim guardavam as ruas circundantes da sede da Renault em Boulogne-Billancourt, onde os trabalhadores fizeram uma marcha sem anunciar depois da reunião.
Em Chatellerault cerca de 30 trabalhadores guardavam 20 botijas de gás ligadas por um cabo eléctrico em ambos os lados da fábrica New Fabris. Desconhece-se se as botijas estão cheias.
A New Fabris encerrou a 16 de Junho. Os trabalhadores responsabilizam a Peugeot-Citroen e a Renault por cancelar contratos que representavam o grosso das vendas da empresa, e ameaçaram explodir a fábrica se não receberem o dinheiro dos dois construtores até 31 de Julho.
A fábrica ainda tem peças e maquinaria valiosa. «Não é uma chantagem com botijas de gás que permite arrancar uma indemnização e permite uma reconversão», considerou o secretário de Estado francês para o Emprego, Laurent Wauquiez, acrescentando que ameaças e chantagem «não são um elemento do diálogo social aceitável».
Lusa / SOL